No município do Rio de Janeiro, o Programa Piloto Orientadores Familiares surgiu como resposta à demanda de criação de medidas específicas e integradas, direcionadas para o atendimento à primeira infância, em consonância com os dispositivos do artigo 1º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), que destaca a abrangência dos processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.
O Programa, realizado pelo CIEDS – Centro Integrado de Estudos e Desenvolvimento Sustentável, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação e a Fundação Itaú Social, entre os anos de 2012 e 2013, atendeu a 420 famílias, em 10 Creches, localizadas nos bairros de Senador Camará, Inhoaíba, Bangu, Realengo, Santíssimo, Campo Grande, Sepetiba e Santa Cruz, Zona Oeste da cidade e teve como objetivo promover a aproximação entre creche e família, atuando como uma ação educativa para as famílias que aguardavam vagas para matricular seus filhos nas creches.
O trabalho de sensibilização e informação foi realizado, por meio da atuação direta de 10 profissionais, denominados de “Orientadores Familiares”. Coube a estes profissionais atender as famílias e responsáveis, viabilizando momentos de diálogo, trabalhando o tema da promoção da educação e dos direitos da infância de forma interativa fornecendo orientações sobre o desenvolvimento da criança. Para sua atuação junto às famílias, os profissionais passaram por um processo continuado de formação com base na utilização de metodologias participativas e se constituiu como a fase da ação, da relação teoria/prática, considerada também como aprendizagem tanto no desenvolvimento dos conteúdos, como na abordagem, referenciada pelo planejamento, cuidado com a linguagem adotada e a ampliação de redes de relacionamentos.
Para o desenvolvimento da proposta, a metodologia utilizada estava estruturada a partir das seguintes ações: realização de orientações às famílias em situação de vulnerabilidade, nas temáticas de direitos, educação, saúde, cultura, entre outros; incentivo à participação nos espaços de informação como o Programa Primeira Infância Completa (PIC) e Escola de Pais; realização de visitas domiciliares para acompanhar as expectativas das famílias, com relação ao momento de entrada na creche; elaboração em parceria com as famílias de ações de cunho educativo, como recursos para contribuir com o desenvolvimento da criança; e, por fim, a promoção de atividades de apropriação da cidade, como recurso educativo não-formal, na perspectiva de ampliação do repertório sócio-cultural das famílias como incremento à novas possibilidades de relacionamento familiar.
O Programa considerou em sua condução práticas, esforços que foram relevantes para o estímulo ao aprendizado das crianças, que requer para sua formação integral, além da escola, a participação da família e da comunidade, integrando diversificadas dimensões da criança: afetiva, cognitiva, cultural e social.
Apontando alguns resultados, percebe-se que a experiência contribuiu para ampliação da visão da família sobre o processo escolar, já que antes entendiam a escolarização resumida somente ao ensino tradicional. As famílias atendidas pelos Orientadores Familiares perceberam que a educação dos filhos estava interligada à diversas áreas como afetividade, ludicidade e socialização.
Neste contexto, a educação infantil surge como a base para construção dessas relações e desses espaços compartilhados. Torna-se imprescindível reconhecer essa base como eixo fundamental para a consolidação de uma relação entre família e escola, que será mantida ao longo da vida escolar da criança. Posto isso, o CIEDS considera que todos os processos vivenciados durante o desenvolvimento do Programa Orientadores Familiares podem contribuir para o desenho de políticas públicas que valorizem a relação entre família e escola/creche como fator preponderante no desenvolvimento integral da criança.