José Cláudio Barros Diretor de Programas e Projetos
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4 estratégias para impulsionar impacto coletivo por meio de redes locais

Artigo
26 junho 2025
4 estratégias para impulsionar impacto coletivo por meio de redes locais

A pobreza é multidimensional. Se não integrarmos esforços, não mudamos realidades. E grandes transformações ocorrem não pelas mazelas, mas sim pelas potencialidades dos territórios.

A partir da minha participação na mesa “Desenvolvimento Comunitário – Construindo soluções a partir dos territórios”, na 7ª Jornada do Conhecimento da Fundação Grupo Volkswagen, trago neste artigo aprendizados sobre como a atuação em rede pode impulsionar transformações reais e sustentáveis nos territórios.

 

Veja a íntegra do evento

 

Estes são os quatro pontos fundamentais para fortalecer o impacto coletivo e construir soluções que dialoguem com as potências locais.

1. Atuar em rede é um princípio

Ao longo da trajetória do CIEDS, entendemos que atuar em rede não é só uma metodologia, é um princípio. Somos uma organização que, há 27 anos, articula pessoas, instituições, empresas e governos para transformar vidas e fortalecer comunidades. Fazemos isso com base em uma escuta ativa, no reconhecimento das potências locais e na valorização das experiências vividas pelos territórios.

Nosso trabalho é movido por um compromisso real com o desenvolvimento sustentável e mais prosperidade para todas as pessoas. A Rede CIEDS, como chamamos esse ecossistema vivo e colaborativo, é composta por parceiros, colaboradores e beneficiários que constroem juntos soluções sociais inovadoras e escaláveis. Cada projeto é uma peça desse grande esforço coletivo, onde cada pessoa impactada se torna, também, agente de transformação.

Se nós desejamos contribuir para o desenvolvimento de um território, não somos nós que iremos promover essa transformação, mas sim o próprio território. Essa escuta ativa empodera e fortalece as autonomias dessas populações. Afinal, ninguém consegue fazer as grandes mudanças estruturais sozinho e de forma fragmentada.

2. O saber do território é ferramenta de transformação

Muitas vezes, quando chegamos aos territórios, trazemos referenciais técnicos, acadêmicos e institucionais. E é preciso reconhecer que isso pode ser uma barreira.

Não cabe a nós dizer à comunidade o que ela precisa ou o que é melhor para ela. A comunidade sabe — e é no tempo dela. Precisamos ter a escuta ativa e ajudá-los na organização das demandas e prioridades, mas respeitando seus olhares e percepções.

Há um enorme valor no conhecimento gerado dentro das organizações de base. Mesmo que por vezes não se encaixe em metodologias tradicionais, ele é real, prático e transformador. E um papel importante que desempenhamos é ajudar as Organizações a compreender o valor de sua ação no território. Ajudá-las a sair da invisibilidade, refletindo sobre o território e o que produzem nele. Quando a comunidade se apodera dos dados, entendendo seu sentido, ela transforma isso em informação, conhecimento e ação.

Para ilustrar esse potencial das redes locais, trago o exemplo do Fundo de Fomento Redes de Territórios pela Infância, que busca promover redes de impacto coletivo no município de Caruaru (PE), com foco na prevenção, promoção e garantia de direitos de crianças e adolescentes. 

Na primeira fase do projeto, as organizações passaram por três anos de acompanhamento e fortalecimento através de formações, mentorias e apoio técnico-financeiro, o que contribuiu para o desenvolvimento institucional das organizações sociais envolvidas.

A partir dessa base formativa, os projetos se organizaram em ações coletivas financiadas pelo Instituto Neoenergia, parceiro do CIEDS, comprovando como o fortalecimento de redes pode ampliar significativamente o alcance e a efetividade das iniciativas. Foram 278 beneficiários diretos em apenas dois meses, com ações que vão da regularização documental à mobilização de redes locais e ampliação de oportunidades para populações mais vulneráveis. 

3. Inovação é integrar juventude e experiência para catalisar mudanças

Outro ponto que destaco é a importância da juventude nesse processo. Precisamos investir na formação de lideranças jovens. A juventude quer fazer e traz energia, inovação e um outro olhar para os desafios.

Mas isso não significa abrir mão da experiência acumulada de quem já está há mais tempo na estrada, claro. Quem tem essa trajetória carrega maturidade, memória e uma visão estratégica do território. Precisamos promover essa convivência intergeracional. Juntar esses dois idiomas, inovação e experiência, é o que vai nos permitir catalisar mudanças reais.

Quando falo em inovação, não me refiro apenas à tecnologia. Falo da capacidade de encontrar respostas mais eficazes para os problemas urgentes do nosso tempo. Sabemos que o mesmo de sempre não está dando conta do que precisamos, por isso atuamos com agilidade, colaboração e escuta. É assim que conseguimos impactar diretamente mais de 500 mil pessoas apenas em 2024.

4. Colaboração entre setores é o caminho para soluções sustentáveis

O tema da desigualdade é histórico, estrutural e crítico. E não será uma ação isolada que vai dar conta disso. Se não nos juntarmos, se não integrarmos esforços entre organizações, governos, empresas e sociedade civil, não mudaremos realidades.

A pobreza não tem uma causa única, ela é um conjunto de fatores. Por isso, precisamos mais do que trocar experiências: precisamos construir alianças, redes e caminhos em comum.

No CIEDS, nossos colaboradores atuam diretamente nos territórios, implementando projetos com excelência e sensibilidade. E nossos beneficiários não são apenas receptores, são protagonistas. A cada pessoa impactada, novas conexões são criadas, novas soluções são germinadas. Esse é o valor real da Rede CIEDS: um ciclo de impacto contínuo, onde a transformação gera mais transformação.

E é por isso que seguimos conectando para transformar. Porque ninguém faz nada sozinho — e a escuta verdadeira, a colaboração real e o reconhecimento das potências locais são caminhos sólidos para um Brasil melhor. Esse movimento de trabalhar de forma integrada, em rede, com diálogo e compromisso, é (e continuará sendo) o caminho fundamental.

Se você representa uma empresa, fundação ou instituição interessada em investir em soluções com impacto social comprovado, vamos conversar.

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