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A dádiva de ser mulher

Notícia
9 março 2018
A dádiva de ser mulher

“Sou atleta, atleta das minhas asas, dos meus sonhos, para que eu possa levá-los aos voos que eu pretendo.” Priscila é também ativista social, empresária, formada em Direito com especialização em Direitos Humanos e Direitos Públicos.

O Instituto Das Pretas.Org é uma economia mista criativa combativa que estimula o protagonismo de mulheres negras por meio de iniciativas 100% afrocentradas e multidisciplinares que promovam seu empoderamento. O Das Pretas.Org recebeu o Selo Shell Iniciativa Empreendedora de Empreendimento Sustentável.

O Sebrae revelou dados em 2014 que em 14 anos o número de empresárias subiu 34% e totalizava 7,9 milhões. Já a Global Entrepreneurship Monitor (GEM), principal pesquisadora de empreendedorismo no mundo, apontou que, no mesmo ano, 51,2% dos empreendedores que iniciaram negócios foram mulheres. Ainda segundo o Sebare, as mulheres ocupam 43,2% dos cargos de gerência nessas micro e pequenas empresas.

1. O que significa ser mulher para você?

Pra mim ser mulher é uma dádiva, ser uma mulher preta, é uma dádiva de muitas coisas, de muitos aprendizados, de fortaleza em mim mesma. Não me sinto obrigada a ser uma mulher forte como as pessoas veem, mas me sinto fortalecida e grata de ser fortalecida em mim mesma.

2. Quais as maiores dificuldades para as mulheres no mercado de trabalho atualmente?

Eu acho que o mercado de trabalho é muito cruel com as mulheres. Como mulher preta, eu me lembro de todas as vezes que eu tive que prender meu cabelo, alisar, ou fazer escova, ou esconder minhas tatuagens, ou botar uma roupa mais larga para “maquiar” meu corpo curvilíneo, porque ele é facilmente hipersexualizado. Essas questões são ligadas ao assédio. O mercado de trabalho quer que a gente se prepare para ele, mas ele não está preparado pra gente.

3. Se você pudesse dar um conselho para a Priscila criança, o que diria?

Sem dúvida, pra ela não perder a mania de planejar, fazer conta, de planejar, e de colocar coisas em planilhas. E não ter vergonha de quem ela é! Eu falaria para a Priscila criança se orgulhar de quem ela é, porque ela é especial.

4. Qual a importância do Dia Internacional das Mulheres?

Eu acho que o Dia 8 de Março é um marco importante na luta das mulheres. Poucas pessoas sabem por que o dia 8 de Março, poucas pessoas sabem da história da fábrica, da morte das operárias. Mesmo assim eu entendo que é um marco de luta importante. Eu como mulher preta periférica eu preciso fazer uma ressalva de que esse marco nem sempre inclui as mulheres pretas em seus diálogos e em suas lutas. Ser feminista não significa que essa mulher deixa de ser racista. É preciso que o feminismo seja também inclusivo e igualitário, para que essas lutas pelos direitos, principalmente pela liberdade de ser quem é, pelo respeito aos nossos corpos, também sejam direcionados às mulheres negras. Não só uma luta contra o patriarcado, mas uma luta por igualdade e equidade geral entre as mulheres.