A máxima de que “o brasileiro não gosta de ler” é questionada por Flaviomar Medeiros, coordenador administrativo do Instituto Educacional e Assistencial Nossa Senhora de Aparecida. A instituição integra o projeto Rede de Educação Integral do CIEDS, em São Luís, no Maranhão, e empresta livros gratuitamente em uma biblioteca instalada no bairro de Vila Janaína, chamada Biblioteca Comunitária Paulo Freire. Para ele, as crianças optam por ler, quando têm incentivo para tal.
“Todos os nossos projetos têm a questão da leitura como um ponto focal. A maioria das pessoas fala que o brasileiro não gosta de ler, mas nós observamos que isso não é uma verdade plena. Em São Luís, há apenas duas bibliotecas públicas. Muitas mães não deixam a criança ir a um lugar distante apenas para ler um livro – que não pode ser levado para casa. A nossa biblioteca é aberta a todos. A pessoa pode escolher o que quiser e levar. Na hora de devolver, é incentivada a pegar outro livro. A procura é grande”, conta Flaviomar, que, desde 2015, também faz parte do grupo gestor da Rede de São Luís, responsável por pensar estratégias para atuação da Rede e mobilizar o município.
O primeiro projeto da instituição foi o Leitura Viva, criado em 2017. A ideia era trabalhar o público em geral, mas acabou atraindo mais crianças e adolescentes. A expectativa era atender em torno de 140 pessoas, mas o projeto recebeu quase 250 interessados, sendo cerca de 200 crianças e 50 adolescentes.
“Os pais nos agradecem por termos mostrado outro olhar para os filhos. A gente percebe que essa questão acaba modificando o pensar da criança. Algumas mais tímidas acabam trabalhando essa questão nas oficinas e ganhando mais confiança. Elas se empoderam e lutam mais pelos seus direitos dentro de suas comunidades”, conta Flaviomar.
O sucesso do Leitura Viva era tanto que alguns alunos chegavam a se arriscar e escrever seus próprios contos ou poesias, o que levou a instituição a criar o projeto Como É Fácil Criar um Livro, no ano seguinte. Na nova fase, as oficinas e atividades eram voltadas para a criação, com temas como escrita criativa, ilustração e fotografia. Ao final, foram nove livros publicados, com direito a tarde de autógrafos, materializando um sonho.
“Quando eles olharam o livro na mão, as pessoas lendo, a tarde de autógrafos, eles se acharam o máximo”, relembra Flaviomar.
Este ano, o projeto foi ainda mais expandido e inclui o Movimentar, com aulas de capoeira e balé – atividades que surgiram após pesquisa sobre as necessidades da comunidade do entorno da instituição, que oferece aulas para crianças até o 5º ano.
Todos integram o Redes de Territórios Educativos, uma parceria entre CIEDS e Itaú Social, que promove a educação integral por meio da potencialização da capacidade programática e da gestão de organizações sociais comunitárias. O projeto, que antigamente se chamava Rede de Educação Integral, nome que aderiu mais entre os colaboradores do Maranhão, incentiva a aproximação com escolas e a realização de ações em rede intersetoriais.