É muito difícil mudar para outro estado e deixar quem conhece para trás aos 18 anos.
Mas eu não posso desistir de nada, porque meu pai sempre me falou: Misia, você pode ser o que quiser, mas tem que aguentar as consequências disso. E, por diversas vezes, eu me perguntei se eu ia conseguir. E foi assim que quando eu era criança fiz balé por 7 anos mesmo sem nunca ter gostado. Meu pai ficava feliz em me ver dançando, então por ele eu continuei.
A Misia de 5 anos atrás não tinha perspectivas e achava que seria tudo fácil.
Quando vim morar no Rio e a situação financeira ficou difícil, peguei um empréstimo com o pai, comprei alguns equipamentos e, no boca a boca, fui reunindo alunas. Transformei o balé em uma coisa boa: as alunas gostam e eu também aprendi a gostar.
Doeu, mas hoje em dia eu passei de fase e as coisas são totalmente diferentes. Tive a sorte de ter o programa de aprendizagem no meu caminho!
Mudei meus passos, encontrei possibilidades e desenhei planos que nunca imaginei antes.
Pude também me autoavaliar, o que era muito difícil quando você não tem ninguém próximo que cresceu com você, que passou uma parte da vida com você. É como se a gente não pudesse passar 100% de verdade. Mas eu tive, em uma educadora do programa, o carinho de uma família de volta. Ela significou uma grande parte do meu desenvolvimento pessoal e profissional.
Já na Editora Leya, onde trabalhei como jovem aprendiz e fui efetivada no fim do programa, passei a conviver com diversos tipos de pessoas e ter contato direto com elas.
Hoje sou um ser humano com mais facilidade para me relacionar com as pessoas e mais sensível graças à experiência.
Me desdobro em mil Misias: estudo, trabalho, dou aula e ainda encontro um tempo para mim. É difícil, mas vou fazendo um malabarismo aqui, outro ali, e conciliando tudo.
Agora quando penso no meu futuro eu quero me formar em Administração - já estou no segundo período - e, quem sabe, abrir uma escola de balé?