Uma missão difícil, mas não impossível. É o que afirma Denilson Silva, coordenador pedagógico de uma escola de alfabetização infantil na pequena cidade de Itaparica, na Bahia. O educador foi um dos participantes do programa Balcão de Ideias e Práticas Educativas, que busca consolidar uma rede de difusão de ideias e práticas inovadoras em educação por meio da sistematização de práticas pedagógicas que trabalhem as dez Competências Gerais da Base Nacional Comum Curricular - BNCC. O projeto desenvolvido pelo CIEDS em parceria com o Instituto Neoenergia é voltado para professores e gestores das redes municipais de cidades do interior de São Paulo e da Bahia e completa um ano em março.
Denilson viu no programa a oportunidade de contribuir e aprender com o fomento de novas propostas pedagógicas. “Eu compreendi que a culminância desse trabalho seria as práticas educacionais exitosas que depois poderíamos utilizar no cotidiano das nossas escolas, adaptando ao nosso cenário e trazendo para dentro das salas de aula”. Ele acompanhou os encontros formativos e oficinas de sensibilização que aconteceram durante oito meses e tiveram a participação de mais de mil educadores. Depois de muitas trocas, 258 novas práticas pedagógicas foram levantadas ou cocriadas.
“Os encontros trouxeram um aprofundamento teórico em relação à BNCC e isso nos fez refletir as nossas práticas em sala de aula”, é o que conta Viviane dos Anjos. Ela atua como diretora da Escola Municipal Vereador Heitor Hartmann, em Francisco Morato, no estado de São Paulo. Para a educadora não só o conteúdo do curso, mas também as metodologias e dinâmicas utilizadas foram essenciais para a experiência entre os professores: “Foram momentos de interação, aprendizado e disseminação de boas práticas pedagógicas. Eu passei a ter uma nova visão sobre a BNCC e pude trazer para a minha escola esse olhar de uma educação que é capaz de ser inovadora”.
“Foi um estímulo muito grande para nós educadores pensarmos na nossa atuação a partir de trabalho muito bem desenvolvido com base na BNCC e pudemos entender como aplicar essas práticas com qualidade nas nossas escolas”, afirma Denilson. No município onde mora, há altos índices de desemprego, a economia local gira em torno da pesca e a maior parte da população depende de auxílios do governo e de projetos sociais. Uma realidade que influencia diretamente na vida das crianças. Ele acredita que escola funciona como um ‘termômetro da sociedade’ e em situações em que os alunos não contam com o apoio familiar adequado o ambiente escolar é o único suporte.
“O Balcão de Ideias trouxe a necessidade da participação da família na educação da criança e o trabalho com a BNCC também foca nisso. Os alunos trazem no seu bojo todos os anseios, alegrias e desamores de suas famílias. É importante atuarmos juntos”. Ele conta que a ideia para a sua escola a partir de agora será apresentar aos pais as propostas que estão sendo desenvolvidas junto à BNCC. “A escola se faz de gente, é preciso realizar um trabalho focado no ser e entender quem é esse aluno. Que ser humano queremos formar? Queremos que as crianças se tornem pessoas críticas pois elas são o nosso futuro. O que que esperamos dessa sociedade daqui a alguns anos? Seres que possam agir com justiça, solidariedade, consciência, respeito e tolerância. Esses são os conceitos para além do português e matemática que devemos ensinar”.
Para Viviane, é desafiador trazer inovação para a sala de aula mas é necessário. Ela defende que a demanda é de crianças ativas, protagonistas do processo de ensino e que requerem mais dos professores hoje do que no passado. “Não basta só a preocupação em cumprir com o plano e concluir os conteúdos, as diretrizes da BNCC nos fazem pensar sobre uma educação que auxilie o desenvolvimento integral do aluno para a vida”, ela afirma.
“Temos que enxergar as dificuldades como desafios a serem ultrapassados. Cumprir a nossa missão como educadores é uma tarefa árdua mas gratificante, especialmente quando trabalhamos em equipe, com colegas que se apoiam e têm o mesmo propósito: olhar para o bem comum das nossas crianças”, conclui Denilson.