Se os objetivos de uma empresa moldam todo o seu planejamento, é mais que natural que tais estratégias impactem também o setor de responsabilidade social, certo? Isso nem sempre foi assim, mas é uma tendência crescente, conforme aponta o Censo 2018 do CBVE (Conselho Brasileiro de Voluntariado Empresarial). Considerando os 17 associados que responderam ao estudo, 93% disseram que sim, fazem um alinhamento dos objetivos estratégicos da instituição junto às atividades voluntárias. O crescimento foi de 14,46% em relação ao Censo 2016, quando 81,25% disseram adotar a prática no setor.
"Hoje, cada vez mais empresas estão ancorando o voluntariado em seu planejamento estratégico. É uma tendência. Se não todas, a maioria tem esse olhar. Não adianta pedir orçamento, se você não consegue mostrar o valor que isso tem para a empresa, seja na contribuição para atingir um objetivo lá na frente, seja para trabalhar competências junto aos colaboradores, seja para ganhar imagem diante de um stakeholder importante", avaliou Claudio Luiz de Viveiros, Gerente de Relações Institucionais da Wilson Sons, uma das empresas que fazem parte do CBVE desde sua fundação.
Para exemplificar, ele traz um caso de sua própria empresa, uma das maiores operadoras de serviços portuários, marítimos e logísticos do Brasil. A partir de ações de voluntariado em comunidades da Avenida Brasil, a Wilson Sons conseguiu aproximar ainda mais um já excelente relacionamento com a Marinha.
"Conseguimos alcançar um objetivo de relação institucional ao fazer algo bacana. Eles não sabiam que a gente tinha um braço de responsabilidade social. Agregou valor à nossa imagem. Faz bem para o outro e faz bem para você. Não é um pecado, é o famoso ganha-ganha. É importante para você manter a chama acesa. É muito mais fácil envolver todas as pessoas, de todos os níveis da empresa, quando você mostra que há um objetivo de responsabilidade social. O voluntariado tem essa força", explica.
Outras empresas também percebem as vantagens de alinhar seus objetivos sociais aos institucionais. Alexandre Bulhões de Britto, Analista de Sustentabilidade da Amil, conta que trabalha com foco em três temas: saúde, educação e qualidade de vida. Todos estão atrelados aos valores da empresa.
"Alinhamos o programa [de voluntariado] a dois valores, dentre os cinco que a empresa possui, que são integridade, compaixão, relacionamento, inovação e performance. Trabalhamos com compaixão e relacionamento, principalmente em relação à comunidade que a gente atua. Isso possibilita a disseminação da cultura da empresa por meio do voluntariado", explica Alexandre.
E completa: "Nas reuniões, a gente percebe que o voluntariado traz um ganho significativo para as empresas. Algumas compartilham suas pesquisas internas. O comportamento dentro da empresa muda, o ambiente fica mais amigável."