Em 2022, a Lei da Reforma Psiquiátrica brasileira completa 21 anos. Para o CIEDS, a maioridade chega com motivos para celebrar. Desde 2011, trabalhamos em parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro na implantação do SRT (Serviço de Residências Terapêuticas), em substituição aos leitos hospitalares, auxiliando no fechamento das enfermarias dos hospitais psiquiátricos IMAS (Instituto Municipal de Assistência à Saúde) Juliano Moreira e Nise da Silveira. O sucesso deste trabalho é visto com mais de mil desinstitucionalizações – pessoas que voltam ao seu convívio social e familiar. E, como marco, a última alta de pessoa internada em hospitais psiquiátricos em longa permanência no Rio ocorreu no IMAS Juliano Moreira em outubro de 2022, em evento que reuniu profissionais da saúde, ex-diretores do hospital e sociedade civil.
O otimismo, que tem o caminho seguido pelo Rio de Janeiro como exemplo positivo, cresce ainda mais com a notícia de que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, acatou a proposta do deputado federal André Janones para criar uma Secretaria Nacional de Saúde Mental dentro da estrutura do Ministério da Saúde. Este apontamento indica que os próximos anos serão de fortalecimento para a luta antimanicomial e maior atenção a programas que beneficiam milhares de pessoas que historicamente sofreram com tratamentos desumanos e o abandono social.
A notícia é animadora diante do histórico fortalecimento de políticas públicas para este público ao longo dos governos petistas, como a ampliação do número de CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) I e II, assim como os CAPS III (24 horas) e AD (Álcool e Drogas) por todo o Brasil, importantes serviços que oferecem atendimento diário, intensivo, semi-intensivo ou não intensivo, composto por equipes multiprofissionais que oferecem diferentes terapêuticas, oposto dos hospitais psiquiátricos que são focados no médico e no tratamento medicamentoso.
O CIEDS defende o tratamento humanizado a pessoas que sofrem com transtornos mentais. A expertise adquirida ao longo dos últimos anos prova que a construção da autonomia e reinserção social desses indivíduos é eficaz, sobretudo para aqueles com longo período de internação psiquiátrica, que merecem ter resgatadas a cidadania e sua identidade nas atividades diárias. O CIEDS defende a política de saúde pública, com especial tratamento para saúde mental, que precisa ser encarada com seriedade, valorizando os profissionais que fazem este trabalho acontecer, minimizando preconceitos e ampliando o acesso ao direito à saúde dos usuários do SUS, que assim como quaisquer outros cidadãos, merecem respeito e tratamento adequado.
Quer saber mais sobre a nossa atuação no Rio de Janeiro? Clique aqui para conhecer as histórias de Flávio e Moacyr, últimos pacientes internados no Nise da Silveira e que hoje vivem em uma SRT.