“Além do CIEDS, que vai trabalhar com mobilização comunitária, outras três instituições integram o Projeto: a Agência Mandalla de Desenvolvimento Holístico Sistêmico Ambiental, a Assessoria e Consultoria de Marketing Ltda., AGLG, e o COOFAMOSA, Committee for the Facilitation of Agriculture between Mozambique and South África. Serão beneficiados moradores de cinco Distritos da região: Morrumbala, Mutarara, Maringue, Chemba e Mopeia. Nesse primeiro período, o trabalho esteve voltado principalmente para a discutir processos e cronogramas com todos os envolvidos no Projeto, inclusive o Banco Mundial, que é o financiador. Eu já visitei algumas Localidade de Morrumbala - Chire, Megaza, Mepinha e Boroma - e Mutarara - Posto Administrativo de Inhangoma, a Localidade de Canhungue, no Posto de Nhamayabue, a Localidade de Chavundira. Mas, olhe, chegar em Morrumbala ou Mutarara não e nada fácil! Para Morrumbala, viaja-se de Maputo ate Quelimane de avião, cerca de 1 e meia, alem das costumeiras esperas no aeroporto em decorrência do atraso dos vôos. A partir de Quelimane mais três horas na Estrada Nacional, trechos com muitos buracos. Mutarara? Mais complicado ainda. De Maputo, seguindo por Tete, 1h de vôo. Depois, pode seguir uma estrada, 6h de viagem, em média, até Caia. De lá, atravessa o rio de Batelão. Viagem rápida, 10 minutos. Mais 30 minutos de estrada, pega uma motorizada ou bicicleta e atravessa a Ponte Dna. Ana, que tem 5km de extensão, grande parte sobre o Rio Zambeze, que tem crocodilo! Chegamos em Mutarara. De Morrumbala para Mutarara existe um caminho mais curto, que é o caminho pelo Rio Chire, mas o Batelão não esta funcionando! Isso faz o trajeto que duraria 30 m de carro até o rio durar aproximadamente 2h a mais para chegar ao Distrito. Um trajeto de 2h pode levar 4h. Estradas precárias mesmo! Muita pobreza. O contato com alguns agricultores demonstra que o projeto tem uma grande importância social e econômica para região. Alguns encontros serviram para identificar minimamente o que faz parte da cultura agrícola na região, que visivelmente parece ser o milho, o algodão, o amendoim e o gergelim. Mas vamos esperar o diagnóstico para confirmar o que é mais forte mesmo. Além disso, há uma necessidade enorme de se montar uma rede de comunicação entre os agricultores, governo e o mercado, contribuindo para organizar o sistema de produção, aquecer a economia e gerar co-responsabilidades para o desenvolvimento local. Percebe-se que há muitos empregos gerados, mas os grupos, em sua maioria, ainda estão centrados num modelo de gestão muito incipiente, o que marca a lógica da economia familiar de subsistência: modelos tradicionais de produção, em pequena escala e baixo padrão tecnológico. Não há um sistema de proteção social no pais. As políticas publicas não chegam nem perto das demandas por assistência social, ainda prevalecem as ajudas humanitárias. Há uma nítida dependência por ajuda para que se promova a reconstrução do país, o que é lamentável! De resto, vale ressaltar a importância de estarmos participando dessa iniciativa. Uma experiência riquíssima para a instituição, que abre um novo olhar sobre trabalho social e pobreza.”