Vandré Brilhante Diretor-Presidente
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Ciência, tecnologia e o futuro das juventudes no trabalho

Artigo
11 abril 2024
Ciência, tecnologia e o futuro das juventudes no trabalho

Vivemos em um mundo cada vez mais digital, e as novas gerações já chegam às escolas com conhecimentos de uso de telefones celulares e aplicativos. Mas o quanto, de fato, apenas esse conhecimento contribui na geração de oportunidades de emprego para as juventudes? A realidade é: muito pouco.

Os jovens usam a internet de forma lúdica, e não com objetivos profissionais claros. As formações em tecnologias, em geral, limitam-se a preparar os jovens para o mundo do escritório de forma básica, sem incluir conhecimentos mais avançados de ciências computacionais ou programação, por exemplo, e sem dar uma perspectiva ao jovem de como a prática acadêmica pode contribuir para a melhoria comunitária. As escolas públicas, na sua grande maioria,  não têm laboratórios de ciências para fomentar inovação e novas tecnologias. Sem uma formação qualificada, as oportunidades de emprego acabam restritas.

Um exemplo concreto disso é a indústria do petróleo, cujo berço é aqui no Rio de Janeiro. Ela passa por um processo de transformação, olhando para a questão da sustentabilidade e da tecnologia. O profissional precisa se preparar desde a base, com o STEAM (Science, Technology, Engineering, Arts e Mathematics – Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática). Se o jovem não estiver preparado, ele não é absorvido por esse mercado. E o que nós mais escutamos da indústria de petróleo do Rio é que não há mão de obra formada.

Nesse sentido, o projeto Jovens Cientistas Cariocas, uma realização da Prefeitura do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia do Rio, em parceria com o CIEDS , apoia para que a juventude carioca, especialmente aquela que tem menos acesso às novas tecnologias, possa apresentar o que está fazendo nessa área, mesmo tendo que superar inúmeros desafios.  Para nós, o Jovem Cientista Carioca é um protagonista na busca da melhoria da qualidade de vida das comunidades. É um empreendedor e pesquisador incansável que busca integrar a academia ao desenvolvimento de tecnologias inovadoras,  eficazes e promotora de impactos sociais positivos.

Ao todo, foram 100 iniciativas inovadoras, dentre cerca de 360 apresentadas por estudantes de graduação matriculados em Instituições de Ensino Superior, que buscam contribuir com a melhoria da cidade do Rio de Janeiro para todas as pessoas que nela vivem. Cerca de 80% dos jovens selecionados são de universidades públicas e moram na zona norte e oeste da cidade do Rio de Janeiro. O objetivo é potencializar  projetos de pesquisa que tenham aplicabilidade efetiva nos territórios adjacentes às Naves do Conhecimento distribuídas pela cidade.

Até outubro, os 100 jovens selecionados passarão por uma trilha formativa com carga horária total de 80 horas, estruturada em quatro ciclos: Básico, Temático, Prototipação e Experimentação.  Receberão mentorias, trocarão experiências e aprendizados entre eles e junto às NAVES, colocarão em prática e aprimorarão seus projetos. No final de outubro, as melhores práticas serão escolhidas, divulgadas e premiadas.

Mais do que isso, buscamos também que os exemplos desses jovens em universidades sejam disseminados a outros jovens, ainda em processo de formação básica e que não têm tanto acesso a tecnologias de ponta.

Os jovens nas escolas não vislumbram uma carreira acadêmica em tecnologia, pois não estão preparados em áreas como programação ou linguagens específicas que o habilitam a um emprego melhor. Ele não conhece tendências de novos aplicativos, não entende a fundo como o uso da inteligência artificial pode tornar processos mais eficientes, entre outras coisas que estão mudando e moldando o novo mundo. Precisamos estar atentos a isso. Sem uma formação sólida, baseada em ciência e matemática, o estudante acaba fora desse mercado.

Além de reconhecer, premiar e fortalecer o jovem cientista do Rio em fase acadêmica, que está pesquisando de forma dedicada, acredito, portanto, que o projeto ainda cria uma referência para aqueles que querem chegar lá.

Desejo que essas iniciativas possam iluminar o caminho de milhares de jovens que estão à margem dessa estrada da tecnologia e inovação e que, querendo ou não, molda o futuro de todos, especialmente em relação a melhores oportunidades de trabalho. O mundo digital, da inteligência artificial e das inovações tecnológicas, é um pré-requisito hoje. E o CIEDS está engajado nessa luta.