
Esse ano, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30) será realizada em Belém do Pará, marcando um momento histórico para todo o Brasil e, em especial, a região Amazônica. Este evento, diferente do que muitas vezes pensamos, transcende as discussões ambientais ao se conectar diretamente com os desafios socioeconômicos do nosso país e de todas as outras nações.
A COP 30 é uma oportunidade de posicionarmos o Brasil no cenário internacional, articulando tecnologias sociais e proteção ambiental que garantam um modelo de desenvolvimento que seja inclusivo, equitativo e sustentável.
Afinal, o que é a COP?
A COP – Conferência das Partes – é o principal órgão decisório da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC). A cada ano, representantes de governos, organizações internacionais, empresas e sociedade civil reúnem-se para discutir e negociar medidas globais que enfrentam a crise climática.
A COP 30, ao ser realizada no coração da Amazônia, traz uma visibilidade sem precedentes para a importância do bioma amazônico como regulador climático de todo o mundo, mas também garante pautas e agendas para as grandes desigualdades socioeconômicas que permeiam nosso país, em especial, a região norte.
A COP de 2025 abordará temas como:
-
• redução de emissões de gases de efeito estufa;
-
• transição para economias de baixo carbono;
-
• financiamento para adaptação e mitigação;
-
• proteção de populações vulneráveis.
A escolha de Belém como sede desse grande evento sublinha a necessidade de integrarmos as discussões globais às realidades locais, em especial as que dizem respeito à população amazônica – pensar global e agir local.
Pobreza e meio ambiente: onde se encontram a crise climática e as desigualdades sociais?
A crise climática e a pobreza são fenômenos interconectados e que se retroalimentam. No Brasil, onde cerca de 33 milhões de pessoas ainda enfrentam a insegurança alimentar, os impactos das mudanças climáticas são mais severos para as comunidades vulneráveis.
Eventos extremos como enchentes, secas prolongadas e deslizamentos de terra comprometem a segurança alimentar, destroem casas e dificultam o acesso a serviços básicos, agravando as desigualdades socioeconômicas já existentes.
O Brasil enfrenta uma série de desafios estruturais, como a desigualdade social, a pobreza e o desemprego, que são agravados pela crise climática, evidenciando desse modo a interconexão do fenômeno. São problemas que demandam soluções integradas que unam políticas e estratégias ambientais e sociais, reafirmando a necessidade de abordagens intersetoriais e de um diálogo interinstitucional.
___________________________________________________________________
LEIA MAIS
Pobreza e Meio Ambiente: pobres são mais afetados por colapso ambiental
___________________________________________________________________
Na Amazônia, onde se encontra uma das maiores concentrações de populações ribeirinhas e indígenas, a crise climática tem impactos profundos. A destruição da floresta, além de contribuir para o aquecimento global, afeta diretamente as economias locais, que dependem dos recursos naturais para subsistência. Além disso, a falta de infraestrutura e de acesso a direitos básicos torna essas populações ainda mais vulneráveis a choques climáticos e econômicos.
"Não adianta a floresta estar em pé se as pessoas não estiverem em pé. E tampouco adianta que as pessoas estejam em pé se a floresta não estiver em pé."
As soluções climáticas não podem ignorar as condições de vida das populações que habitam a região. Investir em soluções climáticas precisa ser também uma estratégia para combater a pobreza. Programas que promovem a transição para uma economia verde, como iniciativas de energia renovável e agricultura regenerativa, têm o potencial de gerar empregos, melhorar a qualidade de vida e reduzir as emissões de carbono. Nesse sentido, a COP 30 pode ser uma plataforma para alinhar políticas climáticas à promoção da justiça social.
A COP 30 coloca o Brasil no centro das discussões globais sobre a sustentabilidade, destacando a Amazônia como elemento-chave para a regulação climática mundial. Entretanto, é fundamental que as soluções propostas não apenas preservem o bioma, mas também promovam o bem-estar das populações que nele vivem.
Qual o papel da sociedade civil no contexto da COP 30?
O CIEDS tem se destacado como uma organização que fomenta soluções inovadoras para o desenvolvimento social, com foco na inclusão, equidade e sustentabilidade – a partir dos saberes e culturas dos próprios territórios. Por meio de programas e projetos que intencionam gerar mais prosperidade para todas as pessoas, atuamos diretamente nas causas das desigualdades e contribuímos para a formação de comunidades mais autônomas.
No contexto da COP 30, acreditamos que as Organizações da Sociedade Civil devem:
-
• fortalecer capacidades locais, apoiando o fortalecimento de lideranças comunitárias, contribuindo para que as populações amazônicas tenham voz ativa nas discussões globais;
-
• incentivar soluções de impacto socioambiental: garantir condições para que sejam desenhadas tecnologias sociais que articulem as temáticas da agenda climática e do enfrentamento à pobreza e que preferencialmente sejam desenvolvidas em conjunto aos povos amazônico;
-
• articular parcerias intersetoriais, que permitam uma ampliação do diálogo entre governos, empresas e sociedade civil para implementação de políticas e projetos alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Quando vai ser a COP 30?
A COP 30 ocorrerá entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025 na cidade de Belém, no estado do Pará, Brasil.
Importante destacar que a COP 30 representa não apenas um momento de discussão, mas precisa ser uma convocatória a ação. Para que seus efeitos sejam perenes, é essencial que a sociedade civil organizada participe ativamente do processo, garantindo que as soluções implementadas reflitam as reais necessidades das populações brasileiras.
Acreditamos que o Brasil tem diante de si a oportunidade de se firmar como líder global em sustentabilidade, integrando preservação ambiental, justiça social e desenvolvimento econômico. É fundamental que esse caminho seja trilhado de forma inclusiva e participativa, mostrando que uma sociedade mais justa, equitativa, sustentável e democrática é possível.