Com canteiros mais largos do que o comum, o croqui da horta circular da Vila da Terra, em São João da Barra, no Norte Fluminense, foi feito para incentivar a circulação de pessoas. A ideia era que o local pudesse ser, também, um ponto de visitação. E foi justamente isso que aconteceu este mês, com a visita de alunos da Escola Técnica Estadual Agrícola Antônio Sarlo, de Campos dos Goytacazes.
Eles puderam aprender todos os detalhes que envolvem a operação deste tipo de agricultura. Todos foram recebidos por Marcela Toledo, moradora da Vila da Terra, uma das fundadoras da Aprovila e atual secretária de Agricultura do município. A experiência foi enriquecedora, na opinião de Viviane Lima, professora de agricultura e coordenadora do curso técnico em agropecuária, que administrou a ida do grupo à localidade.
"Eu, enquanto profissional, busco sempre dialogar a teoria com a prática. Como eu fiz uma horta circular na escola, já havia explicado a importância. Mas quis levar eles para ver uma no dia a dia. A proposta pedagógica era que os alunos pudessem ver como se opera a horta no cotidiano. Eles adoraram", afirmou a professora.
A escola de ensino médio e técnico em agropecuária está na localidade de Parque Aldeia, em uma área de alta vulnerabilidade social, com disputa do poder paralelo. Para Viviane, é importante manter os estudantes engajados nos conteúdos propostos em sala de aula. E visitas externas, com experiências reais, são essenciais para isso. "Se a gente não conquistá-los, o tráfico conquista. A gente tem feito coisas na escola para que eles gostem do curso", disse.
Mas o que é, de fato, uma horta circular?
A professora Viviane Lima explica que uma horta circular tenta imitar os extratos da natureza. "A gente adapta o aspecto circular para as nossas realidades. Quanto mais diversificado for o agroecossistema, menos sujeito ele está ao ataque de insetos e de menos adubo ele vai precisar, porque imita mais a natureza. E a natureza não é uma monocultura", explica ela.
O nome mais popular é "horta mandala", por conta do projeto Pais (Produção Agroecológica Integrada e Sustentável), que teve início no Nordeste. Neste modelo, no centro da horta há peixes ou galinhas. No caso dos peixes, a água é utilizada para irrigação. As galinhas, por sua vez, ajudam a adubar a horta, que também serve de alimentos para as aves.
No caso da escola de Campos, a horta circular conta com um pé de pimenta no centro, pois a espécie é repelente e, com isso, beneficia as demais hortaliças. Na Vila da Terra, em São João da Barra, por sua vez, há uma área coberta com telhado, onde ficam guardados alguns elementos importantes para a manutenção da horta.
Saiba mais sobre a Aprovila
O CIEDS dá apoio ao planejamento de ações de desenvolvimento na Aprovila (Associação de Moradores e Produtores Rurais da Vila da Terra), em São João da Barra, no Norte Fluminense. Com foco no desenvolvimento de habilidades técnicas, fomenta as ações implementadas no território. O projeto teve início em outubro de 2018 e é financiado pelo Porto do Açu.