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Diversidade no ambiente de trabalho

Notícia
14 novembro 2014
Diversidade no ambiente de trabalho

Desde 2006 Jossy Silva alegra a recepção do CIEDS no escritório do Rio de Janeiro. Jossy nasceu Jorge e, depois de morar na Suíça trabalhando como dançarina, resolveu seguir outro rumo. No Damas, programa pioneiro no Brasil que promove a reinserção social e profissional de travestis e transexuais, ela teve a oportunidade de construir sua carreira.

Jossy participará na próxima terça-feira, 18 de novembro, do evento “INOVARSE – responsabilidade social aplicada”, às 9h, no Centro de Convenções da Sede da Firjan, falando sobre a diversidade para o desenvolvimento no ambiente de trabalho. 

A diversidade inclui todos e está ligada diretamente ao respeito à individualidade. Como valor, ela cria um ambiente onde há espaço para trocas ricas, gerando um clima de criatividade e produtividade.

Confira, a seguir, o exemplo de superação que Jossy apresenta.

Como era sua vida antes de entrar para o projeto Damas?

Jossy: Hoje em dia vemos gays em novelas e filmes, mas na época da minha juventude, década de 60 e 70, manifestar interesse por uma pessoa do mesmo sexo era proibido e os vizinhos comentavam, mas sempre tive muita personalidade. 

Eu era uma artista, maquiava dançarinas e atuava em peças teatrais. Fui associada no SATED (Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão). Em 1988 fui para a Suíça me apresentar como dançarina em night clubs. A vida da noite não é fácil. 

Tive um professor de Geografia no colégio que dizia que eu conseguiria trabalhar como psicóloga, guia turístico, professora, porque eu sou muito desembaraçada e tenho raciocínio rápido. Quando decidi me inserir no mercado de trabalho, principalmente por causa da minha idade e por estar cansada da vida que levava, me inscrevi na IDDH (Instituto de Defensores de Direitos Humanos) e fui convidada para fazer parte do Damas.

Como surgiu a oportunidade de trabalhar no CIEDS?

Jossy: Quando surgiu a oportunidade de fazer parte do Damas abracei com força e foi através dele que conquistei uma vaga no CIAD (Centros Integrados de Atenção a Pessoa com Deficiência) como assistente da coordenação. Nesta época conheci o Fábio Müller (diretor executivo do CIEDS). Ele me convidou para fazer parte da equipe. Fiquei muito surpresa e com medo de não conseguir cumprir as atribuições de minha função. Até hoje digo que o Fábio e o Vandré (diretor presidente da instituição) foram muito corajosos em me colocar na porta do CIEDS, porque todos que chegam dão de cara comigo. Em outras empresas os recepcionistas geralmente são homens altos e usam terno, bem diferentes de mim. Apesar da diferença, graças a Deus até hoje está dando tudo certo.

No seu dia a dia de trabalho, além dos outros colaboradores do CIEDS, você lida com diferentes pessoas durante o decorrer do dia. Como se dá sua relação com todos?

Jossy: Trabalhamos em uma instituição que respeita a diversidade e isto é muito legal. Já sofri muito preconceito na vida, mas no CIEDS nunca. Também nunca vi nenhum colaborador passar por isto dentro da instituição. Na recepção tenho contato com muitas pessoas e cada uma delas é de um jeito. Brancos, negros, homossexuais, heterossexuais, etc. Trato todos com muita educação e carinho. Em troca, recebo o mesmo tipo de tratamento. 

Qual é a lição mais importante para vencer a barreira do preconceito no ambiente de trabalho?

Jossy: Antes de mais nada é preciso ter respeito consigo mesma. Depois é conhecer os limites que existem dentro de um ambiente de trabalho. Ainda existe muito preconceito nas instituições, por isto é preciso ter postura e dignidade para conquistar oportunidades.