Há cinco anos, em 2014, quando o CIEDS fez a sua primeira candidatura para entrar no ranking Top 500 NGOs da NGO Advisor, mal podíamos imaginar o quanto avançaríamos em um período tão curto de tempo. De lá para cá, muitas mudanças ocorreram tanto no cenário das organizações sociais brasileiras, quanto na atuação do CIEDS.
De 103ª passamos para a 63ª posição mundial e aqui no Brasil subimos de 5ª para 3ª posição. Isso é razão de muito orgulho para todos nós e também um reconhecimento de nosso trabalho há 21 anos fazendo o bem.
Para celebrar nossa trajetória, convidamos Jean-Christophe Nothias, editor-chefe do NGO Advisor e também um de seus idealizadores, para nos contar um pouco sobre a importância do ranking e também o crescente avanço do CIEDS.
O ranking Top 500 NGOs da NGO Advisor é o mais respeitado mundialmente e avalia os impactos locais e nacionais das ONGs. Participam dele milhares de instituições de diferentes países e os avaliadores internacionais seguem critérios técnicos rigorosos.
Confira a entrevista:
CIEDS: Para você, qual a importância do ranking?
JC: Lá para os idos de 2010, quando a ideia do ranking surgiu em minha cabeça, eu imaginei que haveria duas vertentes principais por trás dele: oferecer uma visão crítica e desafiadora das Organizações Não Governamentais e inspirar uma nova visão de transformação do mundo.
O que não esperávamos era que desvendaríamos um novo “universo”, junto a novos paradigmas. Havia tantas organizações que valiam a pena serem analisadas. Ficamos impressionados também com a multiplicidade de temas que são abordados pelo “setor de lucro social”. Criamos esse novo termo pois entendemos que “Organização Não Governamental” não abarca os mais diversos tipos de organizações e modelos que nós avaliamos no ranking. E isso é uma evolução positiva aos nossos olhos.
Outra consequência inesperada é o interesse da Academia em nosso trabalho. Nossa lista de 500 ONGs mais relevantes do mundo serve hoje de referência para pesquisas e estudos de muitos estudantes e professores.
Tudo isso, para nós e para o nosso público, significa muito. Eu acredito que o setor está crescendo cada vez mais e que terá um impacto sustentável.
CIEDS: Qual é o critério mais importante para o rankeamento de uma organização?
JC: Logo de início, sabíamos que não queríamos rankear as organizações por “tamanho”. E isso por duas razões. Primeiro porque era impossível comparar naturezas diferentes. Segundo, pois era parte de minhas convicções que nós teríamos que olhar para múltiplos critérios.
Há também um terceiro ponto, já que uma lista por tamanho seria muito “chata”, com muitas poucas entradas novas no ranking. Este ano tivemos quase 50 novas organizações no ranking.
Em relação aos critérios em si, penso que, além do principal objetivo comum do setor, que é entregar recursos sociais onde é mais necessário, o pensamento inovador está profundamente enraizado. Devido às limitações financeiras, financiadores e executivos do setor devem ser disruptivos por eles mesmos.
Os gerentes não percebem que estão sendo “inovadores” porque ficam muito atarefados e preocupados em agir e seguir em frente com suas ações, o que eles já fazem muito bem.
E então vem o critério da Governança, que muitas vezes é sinônimo de transparência. Mesmo a transparência ocupando um forte papel para a construção da confiança com os financiadores e doadores, nós acreditamos que os Recursos Humanos são o critério mais importante, pois revela a força e a vitalidade de qualquer organização. Se você olhar para os Relatórios Anuais das organizações no geral, você verá que, na maioria dos casos, os Recursos Humanos não recebem muita atenção, isto é algo que nós começamos a perceber.
E, finalmente, nós olhamos para o impacto. Mais do que a verificação dos dados públicos das organizações, talvez devamos destacar que olhamos primeiro para o monitoramento do impacto, para saber se a organização fez um esforço especial em entender a melhor forma de mapear seus “sucessos e vitórias”.
CIEDS: O que você acha sobre o crescimento gradual no CIEDS no ranking ao longo dos anos?
JC: O que é muito impressionante em relação ao CIEDS, além do seu modo de operação único, são seus Recursos Humanos. A instituição foi capaz de criar um ótimo senso de pertencimento e motivação para com seus funcionários de uma maneira altamente profissional.
Além disso, penso que vale a pena mencionar o contexto das organizações sem fins lucrativos no Brasil. Nos últimos quatro anos, o setor de investimento social no foi forçado a passar por uma mudança. Nós vemos que o CIEDS teve um choque de realidade mais cedo que os demais e que hoje está bem avançado em seu modelo econômico e operacional.
Você não pode fazer falas sobre “incubação” ou “empoderamento” sem, em algum ponto, ter a ideia clara da relação e articulação entre esses dois elementos. É por isso que acreditamos que o CIEDS está sendo capaz de operar em uma filosofia de “mudança de sistema” antes dos demais e esta filosofia se vê materializada na crescente subida de posições da instituição dentro do ranking.