Expressividade cultural, disseminação da cultura Funk por meio de ferramentas pedagógicas, mistura de ritmos como samba e frevo e valorização da identidade individual e coletiva são alguns elementos que constituem o “Desafio do passinho”. O ‘Desafio’ é um concurso desenvolvido pelo gestor de projeto Hugo de Oliveira nas escolas localizadas no Complexo do São Carlos (Escola Municipal Catumbi, Estados Unidos e Canadá) que integram o projeto Bairro Educador, no Rio de Janeiro, que utiliza o ritmo do funk como forma de expressão corporal e sociocultural.
As oficinas do “Desafio do passinho” são executadas desde outubro do ano passado, com o apoio dos professores de educação física, que além de trabalhar o movimento corporal do funk, também ensinam a história e origem da dança do passinho, mostrando para os estudantes os principais precursores dessa coreografia, que tem como característica desmitificar a questão da sexualidade e da violência.
Através de uma articulação feita entre o Bairro Educador e a Redemunho - produtora cultural, muitos estudantes das escolas integrantes do BE São Carlos tomaram conhecimento e se interessaram em participar de uma disputa ainda maior, que envolve várias comunidades cariocas: a “Batalha do Passinho”. A “Batalha”, que já está em sua segunda edição, é um concurso de dança que utiliza como coreografia o “passinho do menor da favela”, termo criado e conhecido popularmente por moradores das comunidades cariocas. A “Batalha” tem a mesma expressividade cultural do “Desafio do passinho”.
Patrocinada pela Coca–Cola e apoiada pelo Ministério da Cultura, este ano a “Batalha do passinho” está envolvendo 16 comunidades pacificadas da Zona Norte e Zona Sul do Rio de Janeiro: Batan, Formiga, Cantagalo, Borel, Cidade de Deus, Complexo do Alemão, Jacarezinho, Macacos, Mangueira, Prazeres, Salgueiro, Providência, São Carlos, Tabajaras, Vila Cruzeiro e Vidigal.
Para Hugo de Oliveira houve mudanças no comportamento de alguns estudantes após participarem das oficinas. Ele ressaltou que a comunidade escolar aceitou a ideia de trabalhar o Funk dentro das salas de aula.
“Eles pesquisam sobre a movimentação corporal de outros meninos vendo vídeos na internet, e isso é muito bacana. O passinho oportuniza o crescimento intelectual e corporal, rompendo barreiras e faz com que o jovem se aproprie da sua identidade local e conheça novas culturas”, ressaltou Hugo.
A assessora de comunicação da Redemunho, Jéssica Oliveira, elogiou a parceria com o Bairro Educador, em levar para as escolas não só o funk, mas outros tipos de culturas predominantes em determinados territórios.
“Este é um modelo que deve ser seguido por todo o país. O Hugo é um educador que teve ao longo de sua trajetória cenas parecidas com a dos alunos atendidos: meninos de favela, que curtem música, se interessam pela dança (no caso do Hugo, o hip-hop) e que acabam encontrando na música possibilidades de dialogar com o centro, mostrando a si e conhecendo ao outro”, afirmou Jéssica.
A disputa final da “Batalha do passinho” será realizado no dia 28 de abril, no Parque de Madureira. A final contará com 16 candidatos selecionados pelo público, em votação aberta na internet, para concorrerem aos prêmios de 10 mil, 8 mil e 5 mil reais para os três primeiros colocados.
As inscrições estão abertas e mais informações estão disponíveis em www.batalhadopassinho.com.br.
Foto: Hugo de Oliveira