Foto: Heros Lucena
Ao longo dos anos, o G20 teve um papel central nas discussões e ações contra diversas crises que assolaram o cenário mundial, inclusive a pandemia da Covid-19. Com presidências rotativas anuais, o G20 desempenha um papel importante na definição e no reforço da arquitetura e da governança mundiais em todas as grandes questões econômicas internacionais.
O Brasil assumiu a presidência do G20 em dezembro de 2023 em um contexto internacional bastante complexo. Na cerimônia de encerramento da Cúpula de Nova Delhi, em setembro de 2023, foram anunciados o tema e as prioridades brasileiras.
Tema brasileiro para o G20 em 2024: “Construindo um mundo justo e um planeta sustentável”
Prioridades:
1) Combate às desigualdades, promoção da inclusão social e combate à fome;
2) Combate às mudanças climáticas, promoção da transição energética e do desenvolvimento sustentável, considerando os pilares social, econômico e ambiental;
3) Reforma das instituições de governança global.
O Brasil também enfrenta uma série de desafios cruciais na esfera financeira, que possui uma trilha específica para discussões. Entre os temas prioritários, destacam-se: o financiamento para combater as mudanças climáticas, a necessidade urgente de atenuar a dívida dos países mais pobres - frequentemente dominada por credores como a China -, a busca por um sistema de taxação internacional mais equitativo, que ultrapasse os limites das discussões anteriores realizadas no âmbito da OCDE e do G20, e a reforma das instituições financeiras internacionais, visando fortalecer o papel dos bancos multilaterais de desenvolvimento.
Assim, ressaltamos que o G20 no Brasil será um processo, não um evento. Isso porque o país busca consolidar sua posição como líder do Sul Global e peça fundamental na solução dos desafios ambientais globais.
O que é o G20?
O G20 é um grupo que integra os 20 países que representam as maiores economias do mundo. Neste grupo, os Estados-membros se encontram anualmente para discutir iniciativas econômicas, políticas e sociais. O grupo se define como o principal fórum de cooperação econômica internacional (acordo estabelecido pelos líderes na Cúpula de Pittsburgh, em setembro de 2009).
Atualmente, são participantes do G20: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia e dois órgãos regionais - a União Africana e a União Europeia. O grupo agrega dois terços da população mundial, cerca de 85% do PIB global e 75% do comércio internacional.
O G20 2024 e o aspecto social
Uma das marcas do atual governo federal brasileiro, presidido por Lula, é que a sociedade civil seja ouvida no processo de construção das políticas públicas. A determinação é a mesma para a agenda internacional: o G20 Social foi anunciado já na cúpula de Nova Délhi, na Índia, quando o Brasil assumiu simbolicamente a presidência do bloco. Assim, esse foco no processo participativo tem sido uma novidade e uma marca do Brasil, em que o governo federal estimula que todos os grupos de engajamento sejam inclusivos e abertos à participação social.
De acordo com o site oficial do G20, o objetivo do G20 Social é “ampliar a participação de atores não-governamentais nas atividades e nos processos decisórios do G20, que durante a presidência brasileira tem por lema ‘Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável’”.
Assim, o G20 Social garante espaço para vozes diversas e relevantes, como o Brasil, que lidera debates sobre mudança climática, fome e pobreza. As políticas internas refletem desafios globais compartilhados, e a presidência brasileira promove colaborações da sociedade civil nos grupos de engajamento do G20, visando à incorporação dessas contribuições na Declaração de Líderes.
Os 13 grupos de engajamento que fazem parte do G20 Social são: C20 (sociedade civil); T20 (think tanks); Y20 (juventude); W20 (mulheres); L20 (trabalho); U20 (cidades); B20 (business); S20 (ciências); Startup20 (startups); P20 (parlamentos); SAI20 (tribunais de contas); e os mais novos J20 (cortes supremas) e O20 (oceanos).
Os grupos de engajamento possuem o objetivo de canalizar as demandas e aspirações das sociedades dos países do G20 para seus líderes, influenciando decisões cruciais. Durante a presidência brasileira do G20, estão programadas mais de 50 reuniões desses grupos, além de outras atividades envolvendo as sociedades dos países membros.
Y20: como as juventudes participam do G20 2024
O Y20 é o grupo de engajamento da juventude do G20 e surge como espaço institucional para jovens líderes globais participarem ativamente dos processos de reflexão sobre questões globais. No Y20 existe a oportunidade de compartilhar experiências, conhecimentos, argumentar, negociar e contribuir na construção de propostas, soluções e consensos para as discussões e decisões do G20.
No dia 20 de março de 2024 aconteceu o lançamento do Y20 - Grupo de Juventude do G20 em Brasília, Distrito Federal e o CIEDS foi uma das organizações convidadas a estar no evento, devido a atuação para e com juventudes e pela nossa cadeira, na época, no CONJUVE - Conselho Nacional de Juventude.
O evento divulgou os temas prioritários do Y20, que são:
1) Combate à fome, pobreza e desigualdade;
2) Mudanças climáticas, transição energética e desenvolvimento sustentável;
3) Reforma do sistema de governança global;
4) Inclusão e diversidade; e
5) Inovação e futuro do mundo do trabalho.
Após o lançamento, estados e municípios se organizaram para fomentar, em nível local, as pautas do Y20 com as diversas juventudes brasileiras. Tais reuniões precedem a 19ª reunião de cúpula do G20, que acontece em novembro no Rio de Janeiro.
Em Fortaleza, capital do Ceará, onde possuímos forte atuação, estivemos presentes e articulados em um evento com vários parceiros que atuam com juventudes.
O Diálogo Regional do Y20 em Fortaleza abordou a temática da sustentabilidade e do mundo do trabalho. O evento teve a participação de diversas autoridades, inclusive do Chair Brasil do Y20, Marcus Barão, presidente do CONJUVE. A mesa de abertura contou Asanda Luwaca - Presidente Executiva da Agência Nacional de Desenvolvimento da Juventude da África do Sul, com uma mesa que discutiu o tema: “Inovação do trabalho para um mundo em (re)construção”.
A juventude presente formou dois Grupos de Trabalho (GTs), que trabalharam: 1) Mudanças climáticas, transição energética e desenvolvimento sustentável; e 2) Inovação e futuro do mundo do trabalho. Os grupos discutiram os temas e encaminharam propostas, que foram compiladas em um documento que gerou a CARTA DA JUVENTUDE DE FORTALEZA PARA O G20, encaminhada para os líderes.
O G20 social, iniciativa pioneira do G20 2024, é uma grande janela de oportunidade para que a participação da sociedade aconteça em nível global. Como organização da sociedade civil, é papel do CIEDS não só participar, mas também facilitar que a participação do Y20 e dos demais grupos de engajamento sejam efetivas e que, de fato, as demandas sejam encaminhadas para a cúpula que será realizada no Rio de Janeiro.