Atrair público para os equipamentos culturais é um desafio que jovens monitores enfrentam durante sua atuação, mas Rafael da Silva e Ingrid Menezes Avancini, da Biblioteca Alceu Amoroso Lima, estão apostando na divulgação pelas redes sociais como solução para isso.
O movimento nas redes da biblioteca começou com a intenção de trazer novos visitantes, mas com as novas publicações e linguagem informal que eles usam, o engajamento também aumentou muito. “Estamos movimentando o Instagram e o Facebook, a Ingrid com as publicações das contações [de história] e eu com meus flyers e stories das atividades e eventos”, conta Rafael sobre essa nova abordagem de comunicação. “Quando a gente entrou, o Instagram tinha cerca de 300 seguidores, agora temos quase 600”.
Além disso, os jovens monitores estão inovando ao usar uma das redes sociais mais acessadas do momento, o TikTok, para trazer pessoas para a biblioteca. Rafael criou um concurso dos pequenos vídeos: quem fizer o melhor Tik Tok sobre o equipamento, recebe como prêmio livros. “Enquanto você faz seu TikTok dentro da biblioteca, você interage com o ambiente, talvez pega um livro, leva pra casa, talvez gosta do ambiente e depois volta”, o jovem explica o raciocínio por trás.
A parte mais importante de sua atuação para os dois é provar que o equipamento público é realmente público e aberto para todos os tipos de pessoas. “Eu sinto que, às vezes, o espaço público é privado, de quem trabalha lá. A gente está tentando escutar todo mundo e tentando fazer com que o público sinta que lá é a casa deles”, Ingrid conta suas impressões sobre o acolhimento na biblioteca. Ambos querem que, onde atuam, seja um espaço de reunião e interação dos frequentadores. Os jovens monitores criam atividades que vão trazer das pessoas de classe média/alta, que são em grande número no bairro onde se encontra o equipamento, Pinheiros, até o público de pessoas em situação de rua, mostrando que eles também são bem-vindos lá.
Um ótimo exemplo desse aumento de audiência que a divulgação está trazendo foi o evento sobre direitos universais, do dia 14/02, que uniu setenta dos jovens do CAMPPinheiros e os jovens de uma escola internacional de italiano, oferecendo essa interação bem-organizada entre periferia e elite. Um momento em que ambos grupos ofereciam duas perspectivas diferentes sobre direitos universais.
Na biblioteca, eles têm público em situação de rua muito frequente e ativo, por isso Rafael e Ingrid começaram a criar atividades para eles também. Essa nova conexão começou depois de Ingrid convidá-los para um evento sobre ocupações. O equipamento ficou cheio e eles tinham muito a falar sobre a história, política e prédios de São Paulo, oferecendo uma discussão muito rica. “Encaram eles e fazem com que eles achem que não pertencem à biblioteca, mas eles pertencem sim”, comenta Rafael sobre essa fatia do público.
Além dos eventos que os dois jovens monitores fazem na biblioteca, como parte de um plano dos/as monitores/as da região Centro-Oeste, eles também, algumas vezes, fazem e organizam eventos em equipamentos nos quais eles não atuam. Ingrid já foi fazer sua Contação na Biblioteca Anne Frank, por exemplo, e o jovem monitor Augusto César da Biblioteca Álvaro Guerra vai fazer um evento sobre animes na Alceu. Isso possibilita uma troca de experiências e oferta de temas diferentes aos públicos dos vários equipamentos.
Rafael e Ingrid, por serem de origem periférica, desejam com seus eventos, dar plataforma para ONGs e movimentos dessa população, como no sarau que Rafael organizou, que vai contar com a presença da ONG Projeto Casulo, fazendo com que todos os tipos de público da biblioteca consigam conversar e entender que o espaço é primeiramente deles. “Ao invés de esperar o público, a gente mudou a estratégia, vamos fazer as atividades e com as redes atrair público para elas”, contam os dois monitores. Com sua posição inovadora, eles criaram esse novo sistema de divulgação e comunicação que já causa grande impacto na biblioteca.
Foto de capa: Joaquim Queiroga