Um grupo de jovens ligados a projetos de empreendedorismo, aprendizagem e engajamento cívico do CIEDS tiveram a oportunidade de conhecer o trabalho de duas comissões da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) que pautam projetos para as juventudes. O diálogo foi com as deputadas estaduais Mônica Francisco, presidente da Comissão do Trabalho, Seguridade Social e Legislação Social, e Dani Monteiro, presidente da Comissão Especial de Juventude.
Sentados em roda, na manhã desta terça (5), os jovens ouviram sobre políticas públicas voltadas às juventudes e ao trabalho e, mais do que isso, foram ouvidos – puderam fazer perguntas diretamente às deputadas estaduais que presidem as comissões, apresentar dúvidas e trazer proposições.
O fato de as parlamentares serem mulheres, negras e periféricas – algo ainda raro quando se analisa o perfil dos políticos fluminenses – foi impactante para a jovem Ana Carolina Cuba.
“Achei interessante as duas serem mulheres negras periféricas. Foi maravilhoso ver alguém com quem eu possa me identificar. Eu nunca tive um contato muito próximo com deputados, com políticos. Sempre foi uma coisa muito distante e de pouco acesso. Foi muito importante saber sobre as comissões, tanto da juventude, quanto do trabalho, porque não fazia ideia. Nunca estive no meio, nunca soube da existência. Foi um momento importante para conscientizar”, avaliou a jovem de 18 anos.
Ela é moradora da Baixada Fluminense, estudante de Licenciatura em Dança da UFRJ e trabalha como aprendiz na empresa Gol Linhas Aéreas, com capacitação do programa Rede Aprendiz Rio do CIEDS. “Pretendo ficar de olho nos próximos eventos e trazer outras pessoas comigo” garantiu, após o encontro em uma das sedes da Alerj, no Centro do Rio.
“Nesse momento em que as pessoas estão se afastando profundamente da discussão política, da discussão da cidade, esse encontro é fundamental. Diferentes jovens, de diferentes comunidades do Estado, tiveram a oportunidade de conhecer um pouco mais o que é o trabalho de uma comissão parlamentar e, principalmente, puderam trazer questões para os parlamentares sobre as leis que estão tramitando hoje na Alerj e são de interesse da juventude, suas percepções e suas sugestões. Tiveram a oportunidade de ter voz, de serem ouvidos pelo parlamento do Estado. Isso é inédito, não é comum, e a gente espera que tenha uma continuidade. A gente espera promover novos e novos encontros”, relatou José Claudio Barros, Gerente de Engajamento Cívico do CIEDS.
Além de jovens aprendizes, o espaço de reflexão também recebeu jovens estudantes de escolas públicas que participam de projetos de protagonismo juvenil e engajamento cívico do CIEDS e jovens empreendedores do projeto Juventude Empreendedora. Do lado da Alerj, estiveram presentes as deputadas estaduais Mônica Francisco (PSOL), presidente da Comissão do Trabalho, Seguridade Social e Legislação Social, e Dani Monteiro (PSOL), presidente da Comissão Especial de Juventude.
“É fundamental ter espaços de reflexão quando se fala de processo de aprendizagem, ou seja, do processo que forma o jovem, tanto capacitando para o mercado de trabalho, quanto na escolarização e na formação contínua enquanto indivíduo. Os espaços de reflexão são reduzidos hoje. A gente não reflete mais sobre o momento em que estamos, o tempo em que vivemos, quem nós somos”, avaliou a deputada Dani Monteiro.
E continuou: “Entender que o parlamento existe, qual é a função de um deputado estadual explicada pelo próprio deputado, conversar com um deputado deveria ser um direito social, mas é um privilégio. O que aconteceu aqui é um privilégio, no sentido de que é uma oportunidade fundamental para a formação do jovem e para a permanência da nossa sociedade. Pela nossa sobrevivência, nós precisamos formar os nossos jovens”.
Para ela, a grande questão é que falta esclarecimento e oportunidade aos jovens. Eles querem se inserir na sociedade, mas não sabem ao certo como fazê-lo, pois não aprendem ao certo, ainda na escola, como o Estado se organiza institucionalmente. “Ninguém nasce querendo morrer numa troca de tiros. Ninguém nasce querendo roubar um cordão na rua. Ninguém nasce querendo ter uma vida miserável. As pessoas querem viver bem. O Estado não dá essas condições. Nós estamos buscando inúmeras formas de sobreviver. O que falta é entender qual é o caminho”, concluiu a deputada.
A também deputada Mônica Francisco concorda que os encontros devem ser ainda mais recorrentes. “Há uma necessidade de aproximação da população com as pessoas que fazem a política institucional e que constroem as regras, as leis, que nos fazem viver em sociedade. Aproximar isso da população, e principalmente da população mais jovem, que é, sem dúvida, a mais vulnerabilizada por políticas públicas incipientes, precarizadas, descontinuadas, é fundamental”, avaliou a parlamentar.
E concluiu: “Fazer a manutenção desse espaço de encontro, de escuta, de partilha, de troca, é fundamental. Deveria ser não uma exceção, mas a regra. O espaço institucional deve estar aberto, franqueado, para que a população possa acessá-lo. Temos que celebrar um espaço como esse, consolidá-lo, torná-lo legítimo, não só para que a gente fale, mas para que a gente escute e possa fazer uma construção conjunta daquilo que a gente entende como projeto de sociedade”.