“Precisamos encarar a filantropia como um negócio”. Você concorda com esta frase? Quem a defende é Francisco Guetti, Gerente de Desenvolvimento Institucional do GRAACC. E foi em torno desta frase que o workshop sobre Captação de Recursos foi oferecido para os participantes do projeto Lideranças Comunitárias – São Paulo/2014, ontem, no GRAACC.
O encontro começou com a explanação de Guetti sobre a visão que as organizações precisam ter do que é captação de recursos, a clareza do destino da verba e como as organizações sociais devem fazer para entrar em contato com as empresas.
Para Tainá Braga, da Superintendência de Sustentabilidade Empresarial da SulAmérica, as organizações precisam saber como orçar, como prestar contas e, principalmente, como pedir o investimento para as empresas. “Não adianta a pessoa entrar em contato para pedir recurso e não deixar claro qual será sua utilização, qual é o público alvo e que trabalho essa organização já realiza”, afirmou.
Francisco também aproveitou a ocasião para apresentar um modelo de atuação empresarial, onde as equipes de responsabilidade social estão ligadas as áreas de marketing e RH. “A responsabilidade social das empresas também é um negócio, e as organizações precisam aprender a explorar isso”, afirmou Guetti.
Tainá acredita que o importante é mostrar para as empresas que elas não estão doando, e sim que elas estão investindo. Ricardo Xavier, Coordenador de desenvolvimento institucional do Projeto Casulo e participante do Lideranças Comunitárias, complementa: “A organização precisa mostrar para a empresa que uma ação social dela pode ser revertida em negócio para ela mesma”.
Outro fator importante que é preciso mostrar para as empresas, é que o consumidor leva em consideração se uma empresa tem ações de responsabilidade social ou não. Guetti mencionou uma pesquisa feita pela Nielsen, empresa que estuda o comportamento de consumidores, onde foi constatado que 93% das pessoas são influenciadas para adotar uma causa quando uma empresa assume uma posição favorável no assunto, e que este comportamento é revertido positivamente na imagem da empresa.
Pessoas físicas também podem ser fontes de captação de recursos, tanto na dedicação de trabalhos voluntários como na doação de recursos financeiros, ainda que este seja feito na declaração do imposto de renda. Toda pessoa física pode destinar até 6% do imposto de renda para um trabalho social, entretanto, Guetti afirma que apenas 2,3% das pessoas que fazem a declaração de imposto de renda com o modelo completo adota essa postura. “Parte do desinteresse da população em fazer doações se da pela maneira como as organizações sociais prestam contas. A partir do momento que se presta contas direito o comportamento das pessoas muda”, afirma.
Ao final do encontro o supervisor técnico do CIEDS, Eduardo Bustamante, apresentou diferentes fontes onde as organizações podem buscar recursos, como empresas, pessoas físicas, órgãos públicos, entre outros, e quais são as principais vantagens e desafios de trabalhar com cada uma. Os participantes foram convidados para uma dinâmica, onde deveriam refletir que fontes são mais viáveis para cada organização presente no encontro e que meio estas utilizariam para fazer contato com essa fonte. “Para cada tipo de financiador que se deseja abordar existe um método de captação mais indicado”, afirma Bustamante.