A experimentação profissional em gestão cultural ajudou Ewerton Correia, diretor teatral de 25 anos, a explorar o que aprendeu no curso de artes cênicas, na USP, em sua própria comunidade. Após um ano atuando como jovem monitor cultural no Centro Cultural de Santo Amaro, Ewerton foi selecionado para participar da atual edição do Programa (2019-2020) como articulador territorial e agora é responsável por acompanhar e potencializar o desenvolvimento de outros jovens monitores(as).
Ewerton acredita que sua experiência como jovem monitor entre 2018 e 2019 foi muito importante, mas “foi um ciclo que se encerrou”, pois já estava em uma situação confortável e foi preciso “se lançar” como articulador cultural. Para ele, a oportunidade de continuidade no Programa “é uma coisa nova em que, novamente, terei que passar pelo processo de aprendizagem”.
O jovem destaca que atuar em um equipamento de cultura da cidade, tendo contato com diversos profissionais e conhecendo como funcionam as políticas de incentivo à cultura e a aproximação com agentes locais, possibilitou colocar em prática o que aprendeu na universidade.
“Na graduação, a gente aprende a fazer peças incríveis, mas não aprende a produzir essas peças. E estar em um equipamento cultural, lidando com produção, foi muito importante para minha formação como artista”, afirma.
Aprender “como se produz e como se vende uma peça, como se articula parceiros, como se pensa no território e como se cria política públicas para isso” foi essencial para a ampliação de seu trabalho, conta o diretor, que também é ator e cenógrafo.
Além de ser um jovem monitor como articulador territorial, ele dirige a companhia Teatro de Gomorra, grupo que atua por meio do conceito de artevismo, ou seja, que utiliza a própria arte e ofício artístico para a luta social, em que ele experimenta dentro do território onde tudo começou o que aprendeu na academia e na gestão cultural.
Há 10 anos, Ewerton ingressou na Paideia, companhia teatral de Santo Amaro, bairro da zona sul de São Paulo, e agora volta a atuar na região com o olhar de quem vive a realidade do lugar, com o conhecimento que adquiriu na maior universidade pública do país e com a experiência de quem conhece a gestão cultural de um equipamento municipal.
Atualmente, o jovem encara o trabalho no teatro e a produção artística da zona sul da capital paulista e confessa que ainda está aprendendo o que é ser um articulador territorial, mas a experiência já está expandindo sua atuação como artista.
“Pensar a atuação de forma mais ampla e territorial, em como criar links e construir pontes entre as pessoas, em como ser um facilitador dos projetos e das potências dos próprios jovens monitores” são algumas oportunidades de ser um articulador, segundo Ewerton.
Para ele, atuar como articulador territorial está sendo como uma “nova fase de aprendizado” e como dar um segundo passo em sua formação. “Acho que o olhar de alguém que já esteve ali dentro aplicado agora para apoiar os projetos dos novos monitores(as) culturais é muito importante, porque eu sei que não tem como pedir coisas que não corresponde com a realidade dos equipamentos”, argumenta.
A formação continuada de jovens monitores seleciona participantes do programa para continuarem o processo de capacitação atuando tanto em equipamentos de cultura como nos departamentos da Secretaria de Cultura de São Paulo, mas dessa vez acompanhando o desenvolvimento de outros monitores(as).
Para jovens como Ewerton, a formação favorece a articulação com os públicos locais e a formação de redes, fortalecendo seu próprio bairro e promovendo um processo de transformação individual e coletivo.
O programa Jovem Monitor Cultural, parceria entre CIEDS e Secretaria Municipal de Cultura (SMC) da Prefeitura de São Paulo, atua para ampliar as possibilidades profissionais de jovens oferecendo capacitação especializada e experiências de contato com a gestão pública cultural através de um projeto de monitoria. A capacitação envolve formação teórica e prática para proporcionar uma vivência profissional completa e concreta, contando com mais de 100 equipamentos de cultura da capital paulista, como os centro culturais, bibliotecas e teatros.