Confluir significa reunir numa só corrente, juntar-se, encontrar-se. Eu e o CIEDS confluímos juntos. Temos a mesma corrente que nos impulsiona.
Vivemos em um mundo repleto de correntes polarizadas, em prol de modismos frágeis. Correntes que levam pessoas a vidas mais egoístas. Falta confluir, ou seja, juntar correntes, que, mesmo diferentes, sigam na mesma direção. Na direção da erradicação da miséria, da valorização da dignidade e da ética, da inclusão, de criar futuros melhores para milhares de jovens que já não acreditam no futuro.
O ato de confluir, de juntar pessoas para o bem comum, de juntar esforços para um impacto coletivo, é o grande motor do CIEDS, uma instituição que promove redes para a prosperidade de pessoas e comunidades, o que significa mais saúde, mais educação, melhor renda, cidadania, bem-estar e, acima de tudo, maior confiança no futuro.
Hoje, somos uma organização acolhida por várias outras cidades, que nos abraçaram. Somos do Rio de Janeiro, mas também somos de Belém do Pará, de Manaus, de Boa Vista, de Fortaleza, de Pacajus, de Ilhéus, de Vitória, de Governador Valadares, de Brasília, de Goiânia, de Teresópolis, de São Paulo e de dezenas de outras cidades.
Muitos me perguntam porque criei o CIEDS. Eu poderia ter sido um economista atuando numa grande empresa ou num banco. Poderia ter sido um empresário. Poderia ter sido muitos Vandrés. Mas sou esse aqui.
Sou uma pessoa que olha para o novo, que busca aprender com os outros, que questiona o que é dado como certo e que busca reescrever as histórias, para que agreguem mais pessoas, incluam mais gente excluída e, assim, confluam para a mesma direção: a do bem comum, de uma sociedade mais justa e feliz. Mas eu nada teria feito se não fossem as pessoas e os exemplos de ações positivas que me inspiraram e inspiram até hoje. E se não fossem os meus sonhos, a minha vontade de fazer, que ainda me provocam a cada dia, me inspiram e me dão energia para novas paixões.
As confluências me levaram a criar o CIEDS, me levaram também a receber o prêmio de melhor organização social do Brasil pelo thedotgood no ano passado, e me levaram a receber a medalha Pedro Ernesto, há poucos dias.
Agora, esses sonhos vêm com aprendizados, histórias vividas e ações realizadas. São sonhos que dizem que ainda temos muito a fazer no nosso quintal, o Brasil.
O CIEDS é grande porque é feito por pessoas que pensam grande. Porque conta com parceiros longevos, comprometidos. E conta com colaboradores dedicados, que a cada dia constroem uma instituição melhor e mais forte. Temos orgulho de sermos reconhecidos como uma intuição séria, múltipla e que está à frente de iniciativas que buscam melhorar a vida de muitas pessoas.
A Medalha de Mérito Pedro Ernesto é a principal honraria concedida pelos vereadores do município do Rio de Janeiro e entregue a pessoas e entidades que possuem atuação destacada na sociedade brasileira ou internacional. Para o CIEDS, fazer parte do rol de entidades que receberam essa honraria nos enche de orgulho e satisfação. São esses os momentos que nos dão força para confluir.
Reconhecer o nosso trabalho é reconhecer e apoiar o terceiro setor, formado por milhares de organizações sociais que atuam para construir vidas melhores, mas que são pouco reconhecidas pela sociedade brasileira. São voluntários, empreendedores sociais, econômicos e cívicos que não medem esforços para confluir para o bem, para uma sociedade mais justa para todos.
Hoje, 26 anos depois, se tivesse que recomeçar tudo, eu diria "sim". Porque acredito que uma ação do bem gera centenas de outras ações do bem. Elas se juntam para confluir para o bem, mesmo que em direções múltiplas, mas sempre com propósito, com compromisso, com pessoas incríveis. As confluências se juntariam para criar o CIEDS novamente, porque aqui tem vontade, garra e paixão pelo que fazemos. Diariamente, nos juntamos, todos nós, para fazer o CIEDS mais forte para os próximos 26 anos.
Este artigo é uma adaptação do meu discurso na Câmara Legislativa do Município do Rio de Janeiro, na cerimônia de recebimento da Medalha Pedro Ernesto, que foi dada ao CIEDS, pelos 26 anos de atuação no setor social.