Imagine viver isolado da sociedade, em condições precárias de higiene e sem seus direitos básicos. Essa foi a lógica de tratamento utilizada por hospitais psiquiátricos em pacientes com transtornos mentais ao longo da história. Na década de 1980, essa história começou a ser recontada com a Constituição Federal e a garantia do direito da saúde universal.
Hoje, são quase 25 mil leitos psiquiátricos no Sistema Único de Saúde (SUS). Esse número era 40% maior 10 anos atrás. A redução vem ocorrendo desde 2011, quando o Congresso Nacional aprovou a reforma psiquiátrica determinando a extinção progressiva dos leitos. Nesse processo, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro e o CIEDS têm feito da cidade do Rio de Janeiro uma referência no tratamento de pessoas com transtornos mentais ao implementar uma metodologia pioneira no Brasil, inovadora e mais humana: o Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT).
Composto por casas onde pessoas, a partir de dois anos de internação em Instituições Manicomiais, passam a morar juntas, o SRT oferece um espaço privilegiado para a construção da autonomia e o resgate da cidadania e da identidade do sujeito. O morador é estimulado a se reinserir socialmente e a se reaproximar dos familiares sempre acompanhados de perto por cuidadores, técnicos de enfermagem e acompanhantes terapêuticos. Apenas em casos de crises, são levados aos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) para acesso a medicamentos de uso controlado e atendimento psicológico.
Mais do que apenas tratar, o SRT cuida, inclui e garante a autonomia dos moradores. Ele promove uma nova forma de abordar a saúde mental no Rio de Janeiro que serve de exemplo para o Brasil e para o mundo.