• Compartilhar

Unidade de Reinserção Social Paulo Freire inova no trabalho com os jovens

Notícia
17 setembro 2019
Unidade de Reinserção Social Paulo Freire inova no trabalho com os jovens

Na sala da Unidade de Reinserção Social (URS) Paulo Freire, em Campo Grande, os  adolescentes aguardavam a pesquisadora Irene Rizzini para uma tarde de conversa sobre suas histórias, vivências e expectativas dentro e fora do espaço de acolhimento. A visita foi motivada por sua aluna, a psicóloga da unidade, Carla Cerqueira. 

“Só na recepção, nós já vemos toda a diferença. Esses adolescentes sentaram conosco, dialogaram e fizeram perguntas. Vemos o interesse deles em participar e narrar suas expectativas na construção de experiências melhores quando saírem da unidade. Isso reflete o trabalho de escuta realizado com eles”, contou Rizzini.

A pesquisadora trabalha há mais de quarenta anos na defesa dos direitos de crianças e adolescentes em conexão com as ruas. Hoje, atua como professora da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e dirige o Centro Internacional de Estudos e Pesquisas sobre a Infância. 

Ela orientou Carla em sua tese de mestrado, que teve como tema “A participação dos adolescentes no processo de desligamento e o direito à convivência familiar e comunitária”.

“Ter uma pesquisadora do meio acadêmico visitando esses jovens é uma oportunidade de comemorar os acertos no acolhimento institucional e pensar em soluções para os desafios”, pontua Carla. “A aproximação do pesquisador com seu objeto de estudo é muito importante, pois ele tem um papel fundamental na difusão de práticas bem-sucedidas e pode contribuir com propostas para implementação de novas políticas públicas”, explicou.

No período de sua produção acadêmica, Carla ainda trabalhava na URS Bangu. A psicóloga usou exemplos do seu dia a dia como estudo de caso, pois percebeu que incentivar o fortalecimento da autonomia, a participação, a escuta atenta e a sensação de pertencimento fazia com que as crianças e os jovens ficassem abertos ao cuidado. 

Algumas das práticas da unidade são: oficinas culinárias, onde os acolhidos aprendem o preparo, a higienização e o armazenamento dos alimentos; projetos de festividades, realizados em datas comemorativas para incentivar a integração do grupo; e a oficina Família em Foco, que realiza o acompanhamento familiar após reintegração. Os jovens também participam de escolhas comuns do cotidiano, desde a pintura da casa, até a disposição dos móveis e o cardápio do dia. 

Como também aponta a dissertação de Carla, essas práticas mudaram as estatísticas da unidade. Alguns dos efeitos foram a diminuição no número de evasões e a maior taxa de reinserção social dos acolhidos, tanto no contexto familiar como no comunitário. 

Em sua visita na URS Paulo Freire, a professora Irene Rizzini disse ser notório o impacto positivo das práticas relatadas por Carla na pesquisa. Também sugeriu que propostas como as adotadas pela psicóloga e toda a equipe sejam seguidas por outras instituições dessa natureza não só no Brasil, mas também no exterior.

O CIEDS faz a gestão compartilhada das Unidades de Reinserção Social junto à Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos do Rio de Janeiro.