Vandré Brilhante Diretor-Presidente
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Vamos dar um GAS: a importância do olhar ao social no tripé do ESG

Artigo
10 agosto 2021
Vamos dar um GAS: a importância do olhar ao social no tripé do ESG

É preciso preservar o presente para se alcançar o futuro. Nesse contexto, o nível de relevância do termo ESG (Environment, Social and Governance) só cresce. A verdade é que a sigla virou moda. Em português, o termo bem que poderia ser ajustado para GAS (Governança, Ambiental e Social). Ambas nada mais são do que um indicador. E, de certa forma, dizem: o futuro é das próximas gerações, mas o presente é nosso.

A sociedade começou a adotar uma ética mais intergeracional, questionando-se: minhas ações agora implicam no que para as gerações futuras? Nas últimas duas décadas, a questão do meio ambiente prevaleceu nas discussões, especialmente em função dos estudos sobre os impactos climáticos do homem, tanto que algumas metas de preservação e recuperação foram antecipadas de 2050 para 2030. O âmbito da governança também ganhou peso, principalmente após escândalos de corrupção de grandes empresas.

Mas qual é a dívida dessas corporações com o social?

Essa questão se tornou ainda mais evidente com a chegada da pandemia provocada pela COVID-19. A agência de avaliação Moody’s estima que os riscos sociais podem chegar a US$ 8 trilhões, quatro vezes mais do que os riscos ambientais. A informação foi publicada em uma matéria da revista The Economist de junho de 2020.

E o que é esse risco social? Vai de discriminação a assédio, incluindo menosprezar o papel das mulheres numa empresa. É também sobre falta de educação e consequentemente falta de mão de obra qualificada, além da relação da empresa com seu público. É evidente que as empresas precisam prestar mais atenção no “S” da sigla ESG.

Parcerias com organizações sociais podem ajudar a incentivar o combate à pobreza e à miséria. Mas não é só sobre investir dinheiro neste tipo de ação. Pode ser também sobre transferência de tecnologia, por exemplo. As grandes corporações detém altas tecnologias, como sistemas informatizados, de monitoramento de resultados e de gestão. Transferir isso às ONGs é de grande contribuição para o avanço das questões sociais. Por fim, tem ainda a questão do voluntariado empresarial. Hoje, as empresas ainda olham muito para causas próximas, quando precisam ter um olhar mais amplo, para a sociedade civil como um todo.

É evidente que o ESG é um instrumento fundamental para um mundo mais sustentável e integrado, em consonância com os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da ONU (Organização das Nações Unidas). Mas pouca gente fala sobre os riscos disso.

O primeiro risco é que as grandes empresas podem decidir que vão investir apenas onde é mais seguro, ou seja, em países como a Suécia, a Escandinávia, entre outros. Enquanto isso, países do terceiro mundo, que têm um ambiente de corrupção, instabilidade política e de democracia e instituições não-consolidadas, tendem a ser prejudicados. O ESG também precisa criar um mundo mais equitativo, e não apenas investir nos países já desenvolvidos.

Outro risco é o do modismo, de as empresas adotarem um comportamento superficial só para se dizerem enquadradas ao ESG. É o caso de corporações que têm uma roupagem ecológica, mas que continuam poluindo, por exemplo. Maquiar sua comunicação de ESG e continuar operando da mesma forma não adianta nada.

Mesmo diante desses riscos, é inquestionável o impacto do ESG, que forçou as empresas a terem um propósito como guia. O surgimento do termo atende a uma demanda de controle social do próprio consumidor, que acompanha mais as ações das empresas que consome, inclusive denunciando pelas redes.

A sigla veio para ficar, acelerou processos e, mais do que nunca, evidenciou a importância do olhar para o social. O ESG, ou GAS, trouxe realmente um gás novo para a sociedade, com outro grau de envolvimento das empresas com as principais questões do mundo.