9.388 Km separam o Zimbábue, na África, do Brasil. Mas ao mesmo tempo estamos muito próximos. Ao conhecermos um pouco mais sobre os problemas sociais enfrentados pelo país africano, é possível identificar muitas semelhanças. A taxa de analfabetismo e a média de escolaridade são iguais nos dois países. Mas ao observarmos indicadores como Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), Esperança de Vida à Nascença e o Rendimento Nacional Bruto per Capita, percebe-se que há mais do que um oceano de diferenças entre os dois países.
Recentemente o CIEDS recebeu Ntandoyenkosi Dumani, líder comunitário do Zimbábue e diretor de programas da ONG Adapt Centro de Desenvolvimento Institucional. Por meio de uma iniciativa da ONG americana IREX e o Departamento de Estado do Governo norte americano, Dumani veio ao Brasil para uma série de encontros que teve como objetivo promover a troca de experiências e metodologias utilizadas no desenvolvimento de projetos sociais.
A ONG criada por ele é financiada por organismos internacionais e é uma espécie de Think Tank de experiências e práticas para o fortalecimento de instituições e da educação na sua comunidade.
Uma das iniciativas é a One Classroom Project. Há pouco mais de um ano, a iniciativa convida professores voluntários para gravar aulas em DVD como forma de ampliar o acesso à educação pelos moradores da sua comunidade que não frequentam a escola. Enquanto uma instituição privada local comercializa este mesmo tipo de conteúdo por 50 dólares por DVD, a ONG de Dumani comercializa o mesmo conteúdo por apenas US$1, preço de custo da mídia, beneficiando mais de 400 pessoas por módulo produzido. Até agosto terão sido criados 12 módulos.
Ao visitar alguns dos projetos executados pelo CIEDS, ele percebeu semelhanças e uma grande diferença entre os dois países: “Nós atacamos os mesmo problemas: falta de oportunidades, ausência de serviços públicos, má distribuição de renda, por exemplo. O que me surpreendeu no Brasil foi perceber que as Organizações contam com parceiros locais para desenvolverem seus projetos, o que contribui para que elas se tornem mais competitivas e sustentáveis. No Zimbábue a maior parte dos recursos vem de organismos internacionais.”
Ele leva de volta na bagagem o conceito de empreendedorismo social, quando empresas desenvolvem produtos e serviços a preços acessíveis para aumento da qualidade de vida de uma população ao mesmo tempo em que gera lucro.
“Me surpreendi com o número de iniciativas que enfrentam problemas sociais utilizando uma abordagem empreendedora. Os desafios sociais são devem ser percebidos não como problemas, mas como oportunidades.”
Ele se despediu com um ditando em Kalanga, um dos idiomas do Zimbábue. “Viajar faz nascer um Rei.” “Quando você viaja, aprende coisas que permitem você crescer pessoalmente. Você se torna melhor quando volta para casa. Essa experiência me proporcionou uma série de aprendizados que levarei para a minha comunidade.”