É fundamental para o sucesso e a sustentabilidade de uma instituição da sociedade civil olhar não só para seus programas e projetos, como também para suas estratégias, práticas e rotinas internas. Para garantir maior impacto social, inovação e assertividade em seus fluxos e processos, o CIEDS sempre esteve atento à criação e ao desenvolvimento de modelos de gestão eficazes, que se adequassem à realidade da organização. No último ano, consolidamos um modelo de gestão próprio, a partir das especificidades da organização, suas necessidades e um conjunto de estratégias para conduzir o gerenciamento, de modo a trazer ainda mais impacto social positivo e prosperidade – que, para nós, é mais saúde, mais educação, mais cidadania, melhor renda, bem estar e, acima de tudo, confiança no futuro. Isso tudo está registrado em um novo guia, desenvolvido pela equipe multidisciplinar autogerida de Planejamento, Gestão e Governança (PGG). O Guia, que traduz os principais aspectos de governança do modelo de gestão organizacional, o Prosperidade 360º, está disponível para consulta e referência aqui.
Como Vandré Brilhante, diretor-presidente do CIEDS, adiantou em seu artigo "Crenças e amarras da gestão social", publicado no site da instituição há cerca de um ano, é bastante contestável a ideia de que, em casos de financiamentos para a sociedade civil organizada, parte do valor investido seja destinado à gestão da organização em si.
"Há muitos problemas com essa questão. Primeiro, nos faz pensar que a manutenção e a gestão da organização não fazem parte da causa. Um engano, pois são partes importantes, especialmente quando usadas para crescimento e desenvolvimento", escreveu ele.
De fato, as OSCs são, muitas vezes, mal percebidas pelo mercado quando investem em melhorias de seus processos internos. E é sabido que existe uma literatura ampla sobre gestão privada, mas pouco se fala sobre essa temática no campo da sociedade civil organizada. No caso do CIEDS, a instituição manteve-se continuadamente comprometida a reavaliar com frequência seus fluxos e inovar na criação de tecnologias sociais, como também por investir na formação e no desenvolvimento de seu corpo técnico. Nesse sentido, o guia tem também como objetivo compartilhar saberes, para fortalecer as demais organizações da sociedade civil que vivem esse desafio na prática, no dia a dia.
Cada vez mais é exigido – com razão – um nível de profissionalização e gestão altamente qualificados, que garantam a eficácia, eficiência e efetividade dos projetos sociais, sempre na perspectiva da ampliação e mensuração do impacto gerado para seus públicos. Para nós, um modelo de gestão eficaz favorece os mecanismos de transparência e ética nas ações, assim como possibilita a replicabilidade de programas e projetos sociais, amplia o impacto gerado para os participantes de nossos projetos e o potencial de valor aos nossos parceiros – considerando também a possibilidade de um monitoramento e uma avaliação dos seus resultados mais adequados.
Nosso modelo de gestão Prosperidade 360º surge da complexibilidade das temáticas com as quais atuamos – pobreza é um fenômeno multidimensional – e da nossa atuação neste mundo transformado, pós-Covid e BANI (acrônimo para brittle, anxious, nonlinear e incomprehensible – em português, frágil, ansioso, não-linear e incompreensível). Nesse contexto disruptivo e imprevisível, temos que estar atentos, para tornarmos nossa atuação aderente, precisa e efetiva.
Nosso modelo de gestão e sua governança são próprios, mas foram baseados em boas práticas e diversas metodologias de gerenciamento de projetos, tais como as normas ISO 9001:2000 e SA 8000, PMI, PMD, Prince 2, SCRUM, BSC, entre outros. Ao desenvolvermos o nosso modelo, consideramos metodologias ágeis e a transformação digital, por meio da aplicação de tecnologias, e apostamos em inovações abertas, gestão de competências e formação de agilistas internos.
Entre as nossas dinâmicas internas de destaque estão os Círculos de Gestão. Tratam-se de ambientes de diálogo e de orientações estratégicas, garantindo integração e diversidade, uma vez que contam com a presença de diferentes áreas, cargos, projetos, regionalidades, etc. As discussões nos círculos permitem que o CIEDS tenha uma tomada de decisão mais clara e integrada, baseada também em dados íntegros, garantindo coerência entre aspectos estratégicos, táticos e operacionais.
Para nós, é importante que cada colaborador tenha a oportunidade de circular por estes ambientes de debate e decisão, trazendo consistência para a gestão como um todo, de forma democrática e engajada. Pensamos com cuidado na montagem das equipes, garantindo as representatividades de áreas-chave e times mais equilibrados. Esses espaços também garantem a oportunidade de desenvolvimento de diversas habilidades entre os colaboradores, a chamada “formação em serviço”.
Acreditamos ainda que esses talentos precisam sempre ser incentivados e desenvolvidos. Por isso, criamos iniciativas estratégicas, como o Programa de Formação e Desenvolvimento de Gestores, que busca preparar novas lideranças entre os colaboradores da organização, para que possam assumir posições executivas e de alta gestão, tendo como premissas a ampliação de olhares e o impacto gerado, a descentralização dos espaços de tomada de decisão e a sustentabilidade organizacional.
A sociedade tem hoje problemas complexos, que exigem das OSCs, dos governos e das empresas programas e projetos ambiciosos e uma atuação preponderantemente em redes. Para tal, apontamos a necessidade de um olhar atento para dentro das organizações da sociedade civil, compreendendo seus talentos e seus saberes como fundamentais para a transformação social que almejamos. Hoje, o CIEDS atua e é reconhecido como uma organização que soma saberes de diversas partes para transformá-los em soluções para problemas complexos trazidos por parceiros. São projetos que promovem agendas integradas de educação, engajamento comunitário, inclusão e bem estar e empreendedorismo. São de grande impacto positivo para pessoas, organizações e territórios. O modelo Prosperidade 360º garante essa integração e promove engajamento dos diferentes públicos, propiciando um ambiente favorável à inovação e à promoção de agendas de impacto coletivo.