No primeiro semestre de 2022, o UNICEF, em parceria com o CIEDS, selecionou 50 adolescentes e jovens moradores de periferias em São Paulo para o projeto “Chama na Solução”. O objetivo: formar adolescentes jovens de 14 a 24 anos, moradores de favelas e territórios periféricos de São Paulo, nos temas das múltiplas violências – de raça, de etnia, de gênero, de identidade, de sexualidade, psicológica –, bem como temas de educação sexual e empoderamento das juventudes.
Ao final do processo, o desafio de cada um dos adolescentes e jovens era tão grande quanto importante: construir propostas para prevenir e enfrentar as violências cotidianas que afetam sua vida, finalizando o programa com sugestões de ações a ser implementadas em seus territórios.
Entre março e abril, o Chama na Solução ofereceu a capacitação gratuita para os participantes nas áreas de direitos e garantias perante a violência em comunidades. Foram debates e formações sobre múltiplas violências, incluindo um encontro com duas vereadoras da capital paulista: Elaine Mineiro e Paula Nunes – no qual as representantes do legislativo trouxeram a perspectiva da construção de políticas públicas afirmativas à população negra e indígena na Câmara de Vereadores de São Paulo.
Os encontros temáticos, somados às vivências de cada um, serviram de base para a criação de cinco soluções práticas e aplicáveis no cotidiano, que receberam um recurso semente para que pudessem ocorrer. Os projetos “Evasão Escolar de Meninas”, “Juventude Preta”, “Me Sinto Segura”, “O Estigma de Iara” e “Projeto Aliança” nasceram e já ocuparam não só as ruas de São Paulo, mas também o mundo virtual.
Entre panfletos, rodas de conversa, entrevistas concedidas, aulas online e presenciais e muito conteúdo produzido para o Instagram, as iniciativas encabeçadas pelos jovens do Chama na Solução São Paulo já alcançaram 618.817 pessoas.
Conheça as soluções criadas por adolescentes e jovens do Chama na Solução 2022 São Paulo
Aborda a questão do abandono escolar entre meninas que, segundo um estudo do Fundo Malala, aumentou de forma drástica no Brasil desde o início da pandemia de covid-19. Desde que o projeto nasceu, em maio, os adolescentes e jovens já realizaram aulas na escola de uma das integrantes do grupo e concederam uma entrevista à Rede Globo sobre a temática da gravidez, que será publicada nos próximos dias.
Criado para prevenir e colocar em pauta a falta de políticas públicas em relação ao suicídio de adolescentes e jovens negros. De acordo com dados do Ministério da Saúde, no ano de 2016, o risco de suicídio na faixa etária de 10 a 29 anos foi 45% maior entre adolescentes e jovens que se declaram pretos e pardos do que entre brancos.
Além da produção de conteúdo online e da realização de uma roda de conversa na Livraria Cultura sobre prevenção ao suicídio da juventude negra, o projeto está em processo de entrevista e gravação com 15 adolescentes e jovens da periferia para a construção de um documentário.
Com o objetivo de ajudar na redução dos números de abuso e violência sexual na cidade de São Paulo, o Me Sinto Segura se propõe a criar uma rede de troca contínua e saudável entre a equipe, escolas, tutores e adolescentes e jovens.
“Durante a criação do Me Sinto Segura, fomos ensinadas a estruturar um projeto social do zero, mas para além disso, aprendemos que cada uma de nós é capaz de fazer a diferença, independente da nossa idade e do nosso acesso a alguns tipos de recurso”, conta uma das participantes do projeto.
Nas redes, posts informativos sobre relacionamentos saudáveis e proteção na internet alcançaram 160 mil pessoas em um público majoritariamente feminino.
Abordando a violência de gênero nas redes sociais, o projeto nasceu pela preocupação com a exposição de mulheres quando o assunto, recorrente na mídia, era tratado como meme ou fake news. Nas redes, a iniciativa se propõe a criar conteúdo com fontes confiáveis e linguagem jovem, garantindo informação simples, direta e verdadeira.
Além do movimento virtual, foram mais de 500 adolescentes e jovens atingidos por meio de panfletagem na Avenida Paulista durante uma ação no mês de maio.
Trabalha a violência de gênero com foco em mulheres, utilizando-se das vivências das participantes para abrir um espaço de troca sobre o tema na internet.
Além dos conteúdos no Instagram, o projeto já realizou três aulas online: a primeira, “o que é violência de gênero”; a segunda, “quais são os tipos de violência?”; e a terceira, “Lutas das mulheres e feminismo”.
Foto: Pedro Medeiros/Escola de Notícias