Estivemos em Cartagena das Índias, Colômbia, para o Congresso do Latimpacto - Impact minds, standing together. Aqui, visitamos experiências culturais, gastronômicas e discutimos muito sobre a importância dos investimentos para a incubação e aceleração de negócios de impacto social.
O Latimpacto é uma comunidade que conecta capital humano, intelectual e financeiro, aproveitando o que cada organização tem de melhor para multiplicar o impacto social e ambiental na América Latina.
Cada vez nos fica mais claro, enquanto CIEDS, algumas características que precisam ser observadas para dizermos se um “negócio” é ou não é de impacto social. Aqui destacaríamos três delas:
(1) um propósito claro de mudança social da questão identificada como “problema”;
(2) a relevância e o engajamento de todas as partes envolvidas na construção das soluções: ouvir e dialogar com os públicos participantes pode trazer insumos e melhorias à ideia inicial e garantir que o que está sendo proposto vai ao encontro do desejo, cultura e identidade das pessoas;
(3) conectar saberes e redes de atores diversificados em um “ecossistema de impacto” pode fazer toda a diferença na transformação e conectar o negócio de impacto social à política pública é capaz de dar característica de universalidade e escalabilidade.
Os desafios para a aceleração desses negócios na América Latina, apesar de observamos distintos níveis de maturidade da discussão entre um país e outro, são muito similares. E com a pandemia esses desafios se acirraram e ficaram cada vez mais urgentes.
Também destacamos alguns aqui:
(a) estruturar e apoiar modelos de negócios de impacto social que possam ser operados diretamente pelas pessoas mais pobres para que elas possam ser “donas de seus próprios negócios” e porque não dizer “donas de suas próprias vidas”;
(b) compreender a cultura e identidade de cada território e trazê-las como elemento central para o desenvolvimento do negócio;
(c) um olhar sistêmico para a questão da pobreza: são múltiplas variáveis envolvidas, não estamos falando apenas da falta de acesso a renda, mas na maior parte das vezes muito mais do que isso;
(d) um ponto de atenção os cenários político-institucionais de nossos países, que por muitas vezes dificultam o desenvolvimento de negócios de impacto social;
(e) a necessidade irrevogável de conexão das ações realizadas à política pública.
Um ponto que nos chamou a atenção, foi a potência e alegria da delegação brasileira, com mais de 50 pessoas, representando cerca de 35 organizações, entre fundos de investimentos, negócios de impacto social, empresas, fundações e institutos empresariais e organizações da sociedade civil, dentre as quais o CIEDS. Entre uma palestra e outra, uma visita técnica de campo e um café, não foi raro ver os brasileiros se esforçando para se conectar e fortalecer laços de confiança, compartilhando aprendizados, pensando em como fazer e implementar coalizões, em como melhorar a comunicação local para garantir colaboração a partir de cada identidade institucional, sempre na perspectiva da complementaridade e não da substituição ou da duplicação de esforços.
Essa foi a energia com que saímos de Cartagena, a certeza de que em redes, reconhecendo os distintos potenciais de cada um dos atores, engajando e dialogando continuadamente com os públicos participantes, podemos cada vez mais fortalecer ecossistemas de impacto social e ambiental no Brasil que apoiem o enfrentamento das desigualdades sociais que tanto nos assolam, que apoiem a construção de uma sociedade mais justa, mais equitativa, mais democrática, com maiores e melhores oportunidades sociais e econômicas para todos.
E como dizem por aqui: “Si, si és possible”