
À medida que nos aproximamos da COP30 no Brasil, está cada vez mais em pauta como países emergentes estão sofrendo os impactos da crise climática na prática.
Os dados confirmam o que vejo diariamente: comunidades vulneráveis já enfrentam os efeitos da crise com enchentes que agravam a pobreza, secas que ameaçam a segurança alimentar e territórios onde a desigualdade social determina quem sofre primeiro.
Esses cenários revelam a urgência de trabalhar pela justiça climática: a crise ambiental está afetando majoritariamente os mais pobres, potencializando a crise de desigualdade que vivemos.
Em 2024, o CIEDS:
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• contou com a participação de 5.277 lideranças comunitárias em ações de educação ambiental;
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• e mobilizou 17.491 estudantes para o enfrentamento das questões socioambientais de seus territórios.
Fazemos isso porque sabemos que enfrentar a emergência climática exige transformar as estruturas que deixam os mais pobres em situação de risco.
Acreditamos que ações de combate às mudanças climáticas podem – e devem – ser também ferramentas de redução de desigualdades. E, mais importante: todos os atores da sociedade devem fazer parte dessa transformação, incluindo empresas, governos e investidores sociais.
Por Que a Crise Climática Aprofunda Desigualdades?
Embora os impactos das mudanças climáticas afetem a todos, seus efeitos são profundamente desiguais.
As comunidades mais abastadas dispõem de recursos para adaptação, enquanto populações vulneráveis enfrentam desafios para proteger seus meios de subsistência, saúde e acesso à educação.
A crise climática aumenta a desigualdade em um ciclo vicioso: quem já é pobre gasta mais dinheiro se recuperando de enchentes e secas, enquanto os ricos investem em proteção para seus negócios e propriedades.
Sem ajuda para se preparar, os pobres ficam ainda mais vulneráveis - é o que especialistas chamam de "armadilha da pobreza climática”.
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• Segundo a ONU (2022), 80% das pessoas deslocadas por desastres climáticos pertencem a grupos vulneráveis;
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• Segundo o Banco Mundial (2022), os mais pobres chegam a gastar 30% da renda na recuperação de desastres climáticos – enquanto os mais ricos investem em prevenção;
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• De acordo com um estudo do UNICEF em parceria com o Ministério da Educação (2023), crianças em comunidades vulneráveis têm 5 vezes mais probabilidade de evasão escolar após desastres ambientais – como nas enchentes que atingiram o Nordeste em 2023, onde mais de 1.200 escolas foram afetadas.
Ao trazer protagonismo para lideranças locais e estudantes, por exemplo, o CIEDS coloca esforços justamente nos locais onde precisa estar o investimento para garantirmos uma transição climática justa.
Já que os recursos não chegam diretamente aos territórios, essas ações valorizam os saberes de quem vive nas comunidades para co-criar soluções sociais que minimizem os efeitos das alterações climáticas para os mais vulneráveis.
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Justiça Climática na Prática: 3 Propostas para uma Ação Efetiva
Diante deste cenário, enfrentar as mudanças climáticas demanda iniciativas que considerem dois pilares indissociáveis: urgência ambiental e equidade social.
A partir da experiência do CIEDS, apresento três dimensões estratégicas essenciais para intervenções efetivas:
1. Trazer os mais pobres para o centro da Agenda Climática
Tornando a agenda ambiental transversal a todas as ações de impacto social, de geração de renda a bem-estar, passando pela garantia de direitos fundamentais.
2. Construir Consciência Crítica e Diálogo
Investindo em educação ambiental com metodologias participativas para comunidades e tornando inclusivos os processos decisórios, com escuta ativa nos territórios e co-criação de soluções para problemas locais, a partir de métodos sustentáveis.
3. Fomentar Articulação Multissetorial
Construindo redes entre empresas, governos e comunidades para ações de impacto social positivo. Soluções isoladas não resolvem crises sistêmicas – portanto, é imprescindível uma articulação que fortaleça ou incida em políticas públicas.
Se sua empresa ou organização busca:
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• Projetos ESG com impacto social mensurável;
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• Parcerias para implementação de ações de impacto social positivo;
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• Soluções que unem meio ambiente e redução de desigualdades;
Nós podemos construir juntos.